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As monografias a seguir foram desenvolvidas enquanto concluíamos nossos cursos de formação na área da educação, ou seja na graduação em Pedagogia pela Unicruz  Universidade de Cruz Alta RS e também na especialização em Pedagogia Gestora  pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Xaxim, SC. Aqui mostra um pouco da nossa trajetória como educadoras e nossas praticas pedagógica através de experiencias concretas em sala de aula.

 

LEITURA E LUDICIDADE: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO ENSINO FUNDAMENTAL

Adriana Ribeiro Fiúza

Cristiane Fiuza Fin

 

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Pedagogia – Habilitação Magistério da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental da Universidade de Cruz Alta – RS, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciada em Pedagogia.     Janeiro de  2005.

 

AGRADECIMENTOS

  

Agradecemos a Deus por ter nos iluminado, dando-nos forças para vencer esta etapa de nossas vidas.

 Aos professores, em especial à professora Sirlei de Lourdes Lauxen, nossa orientadora, à professora Berenice Basso e ao professor Odir Berlatto, que dedicaram seu tempo e sua experiência para que nossa formação fosse um aprendizado de vida, fazendo-nos acreditar e nos tornando  capazes de criar e ousar.

Aos nossos pais Randal e Fátima, e ao nosso principezinho, que esteve ao lado da mamãe Cristiane nesta última etapa da faculdade, a criança mais amada e esperada, o bebezinho da família, Giuseppe Luigi.

Reconhecemos que, nesses anos, em muitos momentos, não estivemos juntos, mas vocês contribuíram muito para que chegássemos ao final, compreendendo-nos

 e torcendo por nós. Obrigada. Amamos vocês!

 

 

“Ensinar é mais difícil do que aprender, por que ensinar significa deixar aprender.

Cada coisa tem seu tempo certo, não florescem no inverno os arvoredos, nem pela primavera têm brancos fios os campos.

O principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram - homens que sejam criadores, inventivos e descobridores.

Criar e tão difícil ou tão fácil como viver. E é do mesmo modo necessário . É preciso ter bom senso e não aceitar o mundo como ele é, e sim, construir um mundo novo.

Criando corremos o risco de termos o real.”

Maria Radespiel

   

A construção da leitura e da escrita permeia uma discussão sobre os métodos de ensino e aprendizagem dentro de uma proposta interdisciplinar integrada à leitura e à ludicidade, partindo da temática: “Leitura e Ludicidade: Uma Proposta Interdisciplinar no Ensino Fundamental“. O desenvolvimento dessa temática aconteceu com alunos da terceira e quarta séries da Escola de Ensino Fundamental Casemiro de Abreu, no município de Tunas, tendo como objetivo principal a (re) construção de diferentes formas de  leitura a partir da proposição de atividades interdisciplinares que favorecem a construção dos diversos saberes e valorizam as diferentes formas de cultura popular. O processo de construção da leitura é baseado em uma teoria crítica através de atividades lúdicas e de leitura tendo como princípio acreditar na criança como um sujeito crítico, criativo e interativo e com possibilidade de, no convívio em sala de aula, poder interferir, construir conhecimento e interpretar a realidade. Ao (re) significar esse processo, pode-se avançar cada vez mais se acontecer num ambiente inovador e agradável, mediado por vários recursos visuais, contribuindo para uma prática pedagógica coerente que considere a criança como um sujeito em construção.  

 

 

Palavras-chave:  Diversidade textual – Lúdico – Interatividade – Interdisciplinaridade

 

 SUMÁRIO

 

  

AGRADECIMENTOS.

RESUMO.

ABSTRACT.

LISTA DE FIGURAS.

INTRODUÇÃO..

1 SITUANDO A ESCRITA, A LEITURA , A LITERATURA E  A LUDICIDADE..

1.1 Evolução da escrita e do saber

1.2 A leitura.

1.3 A literatura infantil

1.4. Leitura e Literatura Infantil na Escola.

1.5 A ludicidade.

2. MAPEANDO O CONTEXTO: CONTANDO A TRAJETÓRIA..

2.1 Contextualizando o município de Tunas.

2.2 Contextualizando a escola, a localidade e caracterizando as turmas envolvidas nas atividades propostas 

3. ANALISANDO AS PRÁTICAS: CAMINHOS EM CONSTRUÇÃO..

3.1. Falando sobre a diversidade de textos.

3.2  Refletindo sobre a importância do lúdico na leitura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

REFERÊNCIAS.

 

INTRODUÇÃO

 

A leitura na escola tem sido tratada como um processo que, muitas vezes, privilegia o conhecimento de letras e sílabas e consiste em uma série de tarefas que reduz o leitor a um mero decodificador de palavras e frases, tornando a sua escrita uma reprodução de estruturas textuais modelares, com uma prática baseada no treino ortográfico e gramatical, gerando um aluno sem habilidades de compreensão e expressão.

 

Nesse sentido, o aluno deve encontrar condições favoráveis para a sua participação no desenvolvimento de atividades interdisciplinares, interagindo com o contexto cultural em que vive, mediado pela inter-relação com o outro, no qual o professor se transforma em um mediador que procura estimular e deixar fluir sua capacidade de criação.

 

Considerando que, muitas vezes,  as atividades escolares de um modo geral e nos mais variados aspectos estão distantes da realidade de vida de nossos alunos, tornando-se sem sentido, com atividades mecânicas  e formais, propõe-se o desenvolvimento  da temática “Leitura e Ludicidade: Uma proposta interdisciplinar no Ensino Fundamental”, como uma possibilidade criativa do conhecimento do cotidiano escolar.

 

A presente proposta é um desafio no qual a preocupação é contribuir para o desenvolvimento da leitura de uma maneira lúdica, criativa e interativa, fazendo uma relação entre o real e o imaginário presentes nos diversos textos. Nesse sentido, pretende-se possibilitar condições teórico-práticas para que os educandos construam seus conhecimentos, valorizando sua cultura, através de ações de interação com o outro e com o ambiente inovador.

 

Nesta perspectiva, enfatiza-se que o desenvolvimento desse projeto significa um novo olhar em relação à importância da leitura e da ludicidade como parte fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Partindo de tais idéias, deve-se ter consciência do papel  do professor como mediador do conhecimento enquanto profissional preocupado com o ato de ensinar.

É fundamental a importância de incentivar a expressão oral e escrita do aluno.  A fala  reflete a sua bagagem existencial e a leitura que ele faz do mundo que o cerca; no entanto, a leitura se realizará plenamente quando se estabelece a ligação entre o que se lê e o que se interpreta no seu sentido mais amplo, e não da mera decodificação de símbolos gráficos.

 

Ao repensar o processo de interação entre a leitura e a ludicidade,  propõe-se a construção e o desenvolvimento de habilidades através da expressão oral e escrita e da liberdade de criação. Ou seja,  quando se ensina a ler e a gostar de ler, abre-se caminhos para o saber, desafiando a imaginação e proporcionando, através  da diversidade de textos, a criação, a construção e a reconstrução de novos contextos.

 

Para a fundamentação desta pesquisa, buscou-se o embasamento em idéias de teóricos como Kleiman (1992), que mostra em seus estudos a grande diversidade de textos e informações veiculadas no processo da leitura; Saraiva (2001), que comprova a importância da leitura e dos fundamentos sócio–psicolingüísticos e psicogenéticos no desenvolvimento de atividades lúdicas; Vygotsky (1991), afirmando que o uso da linguagem como instrumento do pensamento pressupõe um processo de internalização; e Piaget (1978), preocupando-se com a descoberta de como se estrutura o conhecimento e a capacidade de organizar e entender a aquisição da linguagem oral e escrita, além de outros da mesma matriz epistemológica.

Dessa forma foi possível trabalhar de maneira a estimular a aprendizagem da leitura apoiando-se em atividades lúdicas, proporcionando assim uma socialização entre os participantes, trabalhando a desinibição, relações interpessoais, expressão oral e escrita, domínio da leitura, além de envolver todos os conteúdos de maneira interdisciplinar.

 

No primeiro capítulo, situa-se de forma contextualizada a escrita, a leitura, a literatura infantil e a ludicidade considerando aspectos históricos pesquisados. No segundo capítulo, o contexto é mapeado, contando toda trajetória, contextualizando o município de Tunas, a escola e os alunos envolvidos nas atividades propostas. No terceiro capítulo, analisam-se as práticas e relatam-se  as experiências pedagógicas tidas com o desenvolvimento das atividades integradas à leitura nos diversos aspectos, procurando embasar teoricamente a interação entre a leitura, o lúdico e a diversidade de textos apresentada.

 

Com estas atividades foi possível organizar um ambiente rico de informações no qual os alunos puderam construir significados a partir de uma infinidade de recursos, priorizando-se sempre a integração entre o ler, discutir, interpretar, criar e expressar motivados pelo ambiente inovador criado em sala de aula.  Os princípios dessa intencionalidade pedagógica acreditam a criança como sujeito crítico, criativo, interativo e cidadão, e o espaço da sala de aula, um ambiente inovador e desencadeador dessa criatividade, valorizando a cultura através das ações de interação com o outro e com o meio, partindo de atividades desafiadoras que venham a contribuir para o seu crescimento. Com isso, foram considerados os métodos de avaliação que deram enfoque aos aspectos estéticos, gramaticais, estilísticos, estruturais e de opinião  pessoal, oferecendo aos alunos condições necessárias para criar personagens, desenvolver a expressão oral e a leitura assumindo um ponto de vista próprio.

 

O desenvolvimento desse trabalho aconteceu através de encontros diários, com duração de quatro horas cada um, nos turnos manhã e  tarde. Os trabalhos foram realizados de forma interativa com o registro das observações feitas sobre a turma em sala de aula.

 

 

1 SITUANDO A ESCRITA, A LEITURA, A LITERATURA E  A LUDICIDADE

 

 

A história é a interpretação da ação transformadora do homem no tempo. A pedagogia é a teoria crítica da educação, isto é, da ação do homem quando transmite ou modifica a herança cultural. O homem é um ser histórico, suas ações e pensamentos mudam no tempo à medida que enfrenta problemas não só da vida coletiva, como também da experiência pessoal e assim constrói a sua cultura e a si próprio.

 

1.1 Evolução da escrita e do saber

 

Antes que o homem soubesse escrever não havia história. É claro, como é que se pode saber o que acontecia, se ninguém escrevia contando? Mas sabe-se  que, há quarenta mil anos, o homem não só existia como também pensava e tinha até qualidades de artista, pois ele pintava, nas paredes das cavernas, touros, bisões, renas e cavalos. Eram lindas pinturas, e por isso sabe-se que quem as pintava era um homem de verdade e não um animal qualquer.

 

Essas pinturas, no início, eram feitas no fundo das cavernas e não na entrada, onde os homens viviam. Isso nos faz pensar que as figuras tinham um significado mágico. Mais tarde, começaram a aparecer desenhos que comunicavam alguma coisa. Era uma tentativa de escrita, embora fosse muito simples.

 

Quando o homem desenhava um boi, queria dizer boi, quando desenhava um jarro, queria dizer jarro; quando desenhava o Sol, queria dizer Sol. Era a escrita pictográfica. Com o tempo, a escrita foi mudando. As pessoas precisavam escrever coisas mais complicadas. Então, quando desenhavam um boi, nem sempre queriam representar um boi, podiam estar representando uma boiada, o gado ou simplesmente a carne. E quando desenhavam o Sol, podiam representar o dia, a luz ou até mesmo o calor. Esse tipo de escrita já permitia contar uma pequena história ou mandar uma mensagem simples.

 

Desde as sociedades primitivas, percebe-se a necessidade de se entender o que era grafado de alguma forma em algum lugar. Assim, é costume caracterizar a vida tribal, marcada pela tradição orais dos mitos e rituais, como um período pré-histórico, porque o homem não conhecia a escrita nem registrava os seus efeitos. Como se vê, a terra pertence a todos, o trabalho e seus produtos são cultivados, o que define um regime de produção. Em decorrência, a sociedade é homogênea, indivisível.

 

A pré–história constitui um período extremamente longo, em que instrumentos utilizados para a sobrevivência humana se transformam muito lentamente. É bom lembrar que as mudanças não ocorrem de forma igual em todos os tempos e lugares, tanto que ainda há tribos que vivem dessa maneira na Austrália, na África e no interior do Brasil.

 

A Idade da Pedra Lascada (Paleolítico), a Idade da Pedra Polida (Neolítico) e a Idade dos Metais representam momentos diversos em que as tribos passam da simples coleta de animais e hábitos de nomadismo para a fixação ao solo, com o desenvolvimento de técnicas de agricultura e pastoreio.

A metalurgia, a utilização de energia animal e dos ventos, a invenção da roda e dos barcos à vela ampliam a produção e estimulam a diversificação dos ofícios especializados dos camponeses, artesãos, mercadores e soldados. A escrita surge como uma necessidade da administração dos negócios, à medida que as atividades se tornam mais complexas.

 

As transformações técnicas e o aparecimento das cidades em decorrência da comercialização, da produção excedente, alteram as relações entre os homens. As principais mudanças são: na organização social homogênea, na qual antes havia indivisão, surgem hierarquias por causa de privilégios de classes; aparecem formas de servidão e escravismo; as terras de uso comum passam a ser administradas pelo Estado, instituição criada para legitimar o novo regime de propriedade; a mulher, que na tribo desempenhava destacado papel social, fica restrita ao lar, submetida a rigoroso controle da fidelidade, a fim de se garantir a herança apenas para os filhos legítimos.

 

Finalmente o saber, antes aberto a todos, torna-se patrimônio e privilégio da classe dominante. Nesse momento surge a necessidade da escola, para que apenas alguns iniciados tenham acesso ao conhecimento. Se for analisada atentamente a história da educação, percebe-se como a escola tem desempenhado um papel de exclusão da maioria, elitizando o saber.

 

Algumas dessas transformações e suas conseqüências para a educação são vistas quando se depara com a educação oriental (tradicional), na educação grega (a Paidéia), a educação romana (humanista), na educação da Idade Média (a formação do homem da fé), na educação do renascimento (humanismo e reforma), na Idade Moderna  (com a pedagogia realista), até chegar à educação atual.(ARANHA, 1996).

 

1.2 A leitura

 

A capacidade de conhecer e aprender se adquire a partir das experiências vividas entre o sujeito e o meio. Ferreiro (2001, p.65)  esclarece sobre a capacidade de leitura das crianças:

 

Muito antes de serem capazes de ler, no sentido convencional do termo, as crianças tentam interpretar os diversos textos que encontram ao seu redor (livros, embalagens, comerciais, cartazes de rua), títulos (anúncios de televisão, histórias em quadrinhos, etc,...)

 

A leitura faz parte da rotina diária da criança e ela não espera receber instruções de outra pessoa para iniciá-la. Todos os objetos constantes no seu dia-a-dia enviam uma significação própria e se tornam tão habitual que sua leitura é espontânea, podendo acontecer muito antes da decifração dos códigos. Ler não deve se restringir a decifrar caracteres, diferenciar símbolos e sinais, unir letra e emitir sons correspondentes, isso é muito mais um trabalho de discriminação visual e auditiva que precede a leitura propriamente dita. Ler além de decifrar, é interpretar mensagem, conceder a ela uma vivência pessoal e internalizá-la.

 

Conseqüentemente, o ato de leitura não pode ser entendido como uma adição de conhecimentos. O ato de leitura deve ser concebido como um método de coordenação de informações de procedência variada com todos os aspectos e inferências que isso supõe, cujo objetivo final é alcançar o significado expresso lingüisticamente. “É através da linguagem que o homem se reconhece como humano, pois pode se comunicar com os outros homens e troca experiências.” (AGUIAR, 1993, p.09)

 

Por meio das trocas lingüísticas, o indivíduo se certifica de sua vivência do mundo e dos outros homens, assim como de si mesmo, ao mesmo tempo em que partilha das transformações do seu meio social. Dentre as muitas formas de expressão e comunicação, a mais utilizada pelo homem é a linguagem verbal. Registrando a linguagem verbal, através de representação gráfica, o livro é o documento que conserva a expressão do conteúdo de consciência humana individual e social de modo cumulativo. A socialização do sujeito se faz para além dos contatos pessoais, também através da leitura, quando se confrontar com produções significantes de outros indivíduos.

 

Sendo assim, a leitura poderá ser levada em conta, como um dos meios mais eficazes para guiar o ser humano ao domínio da língua, desenvolvendo espírito crítico e pensamento criativo. O despertar para a satisfação do prazer da leitura faz parte da formação do leitor, pois deve ser uma ação conjunta entre professores e pais. Da mesma maneira que o aluno se espelha no professor, a função dos pais como exemplo é decisiva, pois se eles mesmos gostarem de ler, influenciarão facilmente seu filho a ler regularmente.

 

Acredita-se que a criança desenvolve sua sensibilidade e o prazer pela leitura por meio da ação recíproca com os adultos e o meio, pois, para Craidy & Kaercher (2001, p.83): “tornar o livro parte integrante do dia-a-dia das nossas crianças é o primeiro passo para iniciarmos o processo de sua formação como leitores”. Dessa maneira, para que o hábito da leitura aconteça, é indispensável que a criança seja incentivada para isso, pois todas as pessoas, desde a infância, são leitoras em formação, uma vez que estão constantemente atribuindo sentidos às mais distintas manifestações da natureza e da cultura.

 

Através da linguagem a criança entra em contato com o conhecimento humano e adquire conceitos sobre o mundo que a rodeia, apropriando-se da experiência acumulada pelo gênero humano no decurso da história social. Também, a partir da interação social, da qual a linguagem é expressão fundamental, a criança constrói sua própria individualidade.

Vygotsky, ao falar de linguagem, estava interessado em um modelo de produção do pensamento no qual a linguagem tem um lugar determinante, desempenhando funções específicas, sendo o mais importante esquema de mediação do comportamento humano. A conquista da linguagem representa um marco no desenvolvimento do homem, segundo Vygotsky (1991, p.31), visto que:

 

A capacitação especifica humana para linguagem, habilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superarem a ação impulsiva, a planejarem a solução para um problema antes de sua execução e a controlarem seu próprio pensamento. Signos e palavras constituem para as crianças primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas da linguagem tornam-se então a base de uma forma nova e superior de uma atividade nas crianças distinguindo-as dos animais.

 

Tanto nas crianças como nos adultos, a função primordial da fala é a interação social, a comunicação. Isso significa que o homem é um ser geneticamente social. Antes de aprender a falar a criança demonstra uma inteligência prática que consiste na sua capacidade de agir no ambiente e resolver problemas práticos, inclusive com o auxilio de instrumentos intermediários, mas sem a reflexão da linguagem.

 

Se a linguagem é desenvolvida através da vivência, e esta é a base para o desenvolvimento da inteligência, conseqüentemente o pensamento torna-se verbal e a fala racional. Ao aprender a usar a linguagem para planejar uma ação futura, a criança vai além das aparências imediatas. Esta visão do futuro (ausente nos animais) permite que as crianças realizem operações psicológicas mais abrangentes.

 

Por meio do contato com o grupo é que ocorrem situações que propiciam a conquista sucessiva da autonomia entendida aqui como a competência de progredir sozinho nas atividades antes executadas somente com a ajuda de alguém mais capacitado. Isso ocorre através de ligações organizadas durante o processo ensino-aprendizagem.

 

1.3 A literatura infantil

 

A Literatura Infantil originou-se devido às transformações que se sucederam na sociedade nos séculos XVII e XVIII, quando as mesmas motivaram uma modificação na maneira de se visualizar a infância: Antes disso os textos eram criados e direcionados para as crianças, passando valores que visavam fomentar padrões comportamentais.

 

Nos dias atuais a Literatura Infantil deve ser refletida como algo fundamental, que pode ajudar no desenvolvimento dos aspectos afetivo, cognitivo, para  formação da personalidade e na constituição do futuro leitor.

Desde o nascimento, ouve-se e participa-se de histórias que os outros contam. Por isso, o ato de ouvir e contar histórias estão quase sempre presentes na vida.

 

Devido à necessidade de ouvir e contar aquilo que é vivenciado, sentido, pensado, sonhado, surgiu a Literatura. A Literatura desempenha um fascínio muito grande na criança de qualquer idade, e quanto maiores forem os incentivos no ambiente familiar e escolar, maior será a afinidade das mesmas com os livros, pois no dia-a-dia percebe-se que as crianças gostam de imitar atos de leitura.

 

A Literatura Infantil, na escola, é um instrumento importante durante a etapa que precede a alfabetização. Portanto, o hábito de ler está presente em adultos que desde muito cedo tiveram contato com livros, revistas e jornais, aprenderam a ouvir, contar e recontar histórias, fazendo sua leitura de mundo.

 

Segundo Craidy & Kaercher (2001, p.87): “... A literatura é arte. Arte que se utiliza da palavra como meio de expressão para, de algum modo, dar sentido à nossa existência”.

A criança é um sujeito em desenvolvimento, capaz de mediar-se na história fazendo uso da imaginação e criatividade, pois esta atividade proporciona desenvolvimento enquanto arte.

 

Oferecer interações lúdicas e literárias em sala de aula é um desafio do qual  educador nenhum deve se esquivar. Elas são significativas e estimulam o leitor. Para Saraiva (2001, p.26):

 

Por ser expressão artística, o texto literário extrai dos processos históricos-político-sociais uma visão de existência humana que transcende o tempo de sua concepção e instiga o leitor sob formas de perguntas que o levam a analisar seu próprio tempo [...] o leitor desenvolve um posicionamento crítico frente aos recursos expressivos de língua, buscando ele próprio novas formas de dizer e ampliando, portanto, sua capacidade lingüística.

 

Todavia observa-se que a finalidade da Literatura é a sua compreensão, e o posicionamento diante das exigências dos alunos deve presidir a escolha dos textos e a leitura deles, pois elas assumem a condição de critérios a orientar a análise das obras. Uma nova postura pedagógica do professor em sala de aula pressupõe a investigação, o conhecimento e a necessidade de orientar os alunos com quem convive, levando à descoberta coletiva várias formas de leitura que produzam prazer e conhecimento.

 

A Literatura pode ser trabalhada de forma contextualizada, para isso o professor precisa conhecer a obra que vai oferecer à criança, pois requer uma seleção anterior, que deverá vir ao encontro das necessidades da criança.

Nesse sentido Saraiva (2001, p.05) diz que “É necessário que o professor esteja munido de conhecimentos teóricos sobre a importância e a função da Literatura Infantil na formação da criança. É preciso também, que ele tenha estabelecido objetivos claros para o trabalho que irá desenvolver”.

 

O professor deverá ter conhecimento e destacar a importância que a Literatura Infantil tem na formação da criança. Ao unir teoria à prática poderá estabelecer objetivos que venham nutrir as necessidades e anseios dos pequenos leitores, fazendo com que se tornem adultos conscientes do prazer do ato de l

 

1.4. Leitura e Literatura Infantil na Escola

 

Começar as aulas lendo um conto de fadas com príncipes, princesas e castelos, um poema, uma notícia de jornal que apresente um acontecimento muito falado, uma história aconchegante, um texto engraçado, uma trova, é uma prática inesquecível e fundamental na formação de um leitor.

 

As crianças gostam e necessitam de histórias que as levam ao deslumbramento e divertimento, estimulando sua inteligência, promovendo a socialização, enriquecendo o vocabulário, linguagem, imaginação, memória e atenção, desenvolvendo sua sensibilidade e, ao mesmo tempo, aumentando seu interesse pelos livros.Segundo Craidy & Kaercher (2001, p.86):

 

Chamar a atenção da criança para as diferenças que a mesma história pode apresentar quando mudamos a forma como vamos contá-la. Um filme, um livro, um programa na televisão – é trabalhar no sentido de ampliar os seus horizontes lingüísticos e de estimulá-la a ler as diversas linguagens com curiosidade e atenção.

 

As histórias podem ser relacionadas aos temas abordados em aula durante o ano letivo, entretendo os alunos e estimulando o interesse em conhecer mais profundamente os temas estudados, despertando o gosto pela pesquisa, acrescentando informação e cultura.

 

Nesse período é muito importante que o professor conte histórias, pois abre as portas da imaginação infantil, levando-a para um mundo mágico, maravilhoso e inesquecível, repleto de carinho, ternura e suspense. O material utilizado poderá ser diversificado e atraente: músicas, mímicas, teatro de sombras, flanelógrafos, fantoches, gravuras, livros, etc. Utilizando livros de Literatura Infantil, o professor poderá trabalhar numa proposta interdisciplinar com temas geradores em sala de aula, pois a Literatura Infantil influi em todos os aspectos da educação dos alunos, tendo como finalidade: educar, instruir e distrair.

A riqueza polissêmica da literatura é um campo de plena liberdade para o leitor, o que não ocorre em outros textos. Daí provém o próprio prazer da leitura, uma vez que ela mobiliza mais intensa e inteiramente a consciência do leitor, sem obrigá-lo a manter-se nas amarras do cotidiano. (AGUIAR, 1993, p.15). A ação do leitor de literatura se manifesta pela reconstrução, a partir da linguagem, de todo universo simbólico que as palavras encerram e pela concretização desse universo com base nas existências pessoais do sujeito. As palavras e as imagens incitam o leitor a percorrer seus labirintos, criando um campo de energia que sustenta o prazer de transformar cada leitura num momento novo e criativo. Uma leitura pode ser vista, ouvida e falada. Ouvir histórias é uma forma de ler.

 

Uma leitura em voz alta, além de levar em conta o que se deve fazer para dizer algo em termos de produção sonora, exige ainda que o leitor acompanhe um raciocínio sobre um pensamento exterior, expresso por outra pessoa, e que ele “declama” como se fosse um ator. (CAGLIARI,1994, p.161-162).

 

Portanto, a leitura é uma habilidade que precede a própria escrita, além de ter grande valor na alfabetização. A leitura ainda é uma fonte de prazer, satisfação pessoal de conquista, de realização, que serve de grande estímulo e motivação para que a criança goste da escola e de estudar.

 

Uma das formas de ampliar o universo discursivo das crianças é propiciar que conversem bastante, em situações organizadas para tal fim, como na roda de conversa ou em brincadeiras de faz-de-conta.

 

O indivíduo busca, no ato de ler, a satisfação de uma necessidade de caráter informativo ou recreativo, que é condicionada por uma série de fatores: os alunos são sujeitos diferenciados que têm, portanto, interesses de leitura variados. (AGUIAR, 1993, p.19).

 

O professor deve permitir que seus alunos também selecionem suas leituras. É uma forma de estimular o gosto pessoal na escolha de um livro, um gesto que se repetirá em anos futuros, se quando tornar um consumidor de livros. O professor deve sensibilizar-se e observar que tipo de clientela possui e a partir daí iniciar seu trabalho para uma nova postura de ensino que procure levar em conta a realidade e os interesses dos próprios alunos. Quanto mais o aluno entrar em contato com textos provocativos, diferentes, mais ele encontrará respostas para suas questões imediatistas.

 

A sala de aula será, então, um espaço onde o aluno consegue opinar, defender seus pontos de vista, aprendendo a respeitar as opiniões diferentes. O ensino da leitura e da escrita tem o compromisso de ajudar a construir uma “escola cidadã”, ou seja, uma escola politizada, humana, alegre e comprometida com os interesses de toda a comunidade escolar.

 

1.5 A ludicidade

                                                                       

O lúdico exerce um fascínio muito grande uma vez que é inerente ao ser humano, e, o que é melhor, à sua parte alegre, reporta-se aos momentos em que ele está feliz. Pode se manifestar através de ações que podem ser de estratégia, quando se trata de jogos, de imaginação, quando são histórias e dramatizações ou construção, enquanto artesanato. 

 

O jogo existe em qualquer cultura e em todas as faixas etárias, mas é com crianças que a literatura mais tem abordado.  Se a criança por meio do brincar assimila significantes e convive com situações onde, de forma autônoma,    pesquisa,    deduz e conclui,   a  variável do processo passa a ser o conteúdo que ela assimila, e este conteúdo pode ser direcionado.  Por outro lado, os adultos, em todas as civilizações  e  culturas,  assumem  a  tarefa   de educar seus descendentes. Esta educação consiste em um conjunto de conhecimentos que, entende-se, serão úteis em sua vida futura, na sua participação na comunidade e realização pessoal.                                                                                                                                  

Com isto, este material objetiva ser um estímulo e subsídio para professores e educadores em geral, para que compreendam a importância dos jogos como agente possibilitador de atividades que permitam uma maior participação do aluno, mais ativa e motivada, onde, de livre e espontânea vontade, ele  é o ator principal da ação educativa, ressaltando a validade dos jogos na construção do relacionamento social através da vivência nas situações de liderança e de cooperação, no pensar em equipe e na busca de estratégias para a obtenção de objetivos comuns.   

 

As diversas implicações do brincar, é muito coincidente com as pretensões deste trabalho. Não se trata de aceitar o jogo como algo produtivo, útil, interessante, mas de entendê-lo como uma ferramenta educacional para uso na sala de aula, no processo de motivação ao aprendizado, pois sua utilização irá além do trabalho conteudista, que acaba sendo o escopo de toda a escola, mas é capaz de desenvolver potencialidades, habilidades de cooperação e um sentido ético. É preciso encarar o jogo como um instrumento do processo ensino-aprendizagem, entrelaçar suporte e mensagem de forma a produzir um veículo adequado à formação do cidadão pleno, autoconfiante, ético e construtivo. Assim pode-se fazer as seguintes consideração.

 

  • Examinar a questão da representação simbólica existente na atividade lúdica e as relações sociais existente entre os seus protagonistas;
  • Analisar os elementos de uma atividade lúdica em relação a sua efetividade como veículo transmissor de mensagem;
  • Classificar e apresentar as diversas manifestações do lúdico como: jogos, histórias, dramatizações, atividades artísticas e enumerar as suas peculiaridades;
  • Analisar os fatores de sucesso no planejamento, preparação e aplicação das diversas manifestações do lúdico, tendo como parâmetro a satisfação da criança;
  • Avaliar os aspectos educacionais relativos ao desenvolvimento pessoal e a cooperação que podem ser transmitidos por meio de atividades lúdicas;
  • Analisar como estes objetivos educacionais podem se entrelaçar com os objetivos lúdicos de cada atividade;
  • Projetar os impactos causados pelas atividades elaboradas mediante o entrelaçamento do lúdico e o educacional;
  • Sugerir e enumerar os efeitos de atividades que atendam aos conceitos defendidos.

 

O próximo passo é um entendimento de como se processa o sistema de aprendizado na criança. Neste ponto, a fundamentação encontra-se em três teóricos principais: Piaget, Vygotsky e Dewey. É  sem dúvida também com Piaget que se encontram as bases de estudo para o entendimento da forma de compreensão e raciocínio da criança. Vygotsky, afirma que o uso da linguagem é um instrumento do pensamento que pressupõe um processo de internalização, confirmando a ação interativa entre os sujeitos. O jogo aparece inicialmente, no primeiro estágio de vida como imitação, para depois se constituir em manipulações de símbolos. Para o escopo deste estudo outra obra de Piaget fundamental é o Juízo moral da criança, onde ele estuda e demonstra através de inúmeros exemplos como os diversos estágios de desenvolvimento das crianças convivem, aceitam e modificam as regras de um jogo, o que dá   uma   perfeita   visão   analógica   de como vêem e como se portam no convívio social. Vygotsky, o  sujeito é interativo   porque constitui conhecimento e se constitui a partir das relações intra e interpessoais. Portanto, o conhecimento é proveniente das relações interpessoais mediadas por um sistema de signos, construídos historicamente.

 

O que caracteriza Dewey (1936), é o “learning by doing”, o aprender fazendo, que permite uma educação capaz de despertar as potencialidades de cada um, a atividade cooperativa visando uma atuação participativa na sociedade. Dewey é caracteristicamente um pensador que comunga o pensamento teórico da educação construtivista com os ditames democráticos da sociedade americana. Por jogo, entende-se a adoção de atividades lúdicas, do agrado da criança, que pertençam ao seu mundo, onde a criança não é mera espectadora, mas sim o ator principal das “brincadeiras”: jogos e fantasias que as levem a vivenciar, induzir, entender e finalmente absorver conceitos que excedam o plano cognitivo e explorem o convívio social, a auto-estima, a absorção de valores, enfim, preparem o homem do novo milênio a ser um cidadão participante e ativo em suas comunidades.

 

Assim, quando se fala em lúdico e no brincar entende-se algo somente em algo alegre e do agrado das crianças, de uma ação que a criança faz de forma livre e espontânea, sem o domínio direcionador do adulto.Utilizar metodologia lúdica, do tipo de jogos, histórias, dramatização e manifestações artísticas é atrair e motivar a criança a participar, fazendo com que ela seja uma pesquisadora consciente daquilo que se julga ser importante e estar no momento adequado para ela aprender, contrariamente a metodologias passivas em que o aluno é tido como um mero receptáculo do saber e a certeza da absorção do conhecimento fica meio nebulosa.                                                                                                                             

Neste sentido, o presente estudo contemplará estas diversas manifestações da brincadeira infantil, e os jogos, serão usados no sentido estrito como uma manifestação lúdica. Desta forma mais abrangente e mais leve, a palavra “jogos” vai além das atividades competitivas e de regras, podendo contemplar outras de mesma característica como: histórias, dramatizações, canções, danças e outras manifestações artísticas. Para Piaget,  (1978, p.18)  todo o conhecimento é uma construção produzida entre o sujeito e o objeto; desta forma, o aprendizado nunca pode ser passivo.

O sujeito faz assimilações através destas interações, e ocorre, posteriormente a acomodação e o estágio de equilíbrio. Uma vez atingido, este estágio ele está pronto para novas assimilações. O desenvolvimento seria então uma sucessão de estágios, em que o jogo já aparece como uma atividade que vai além de um ato descompromissado. Piaget (1978, p.18) esclarece em seus relatos que:

 

A assimilação do real para o eu é para a criança uma condição vital de continuidade e de desenvolvimento, precisamente por causa do desequilíbrio do seu pensamento. Ora, o jogo simbólico preenche esta condição dos dois pontos de vista ao mesmo tempo, das significações (do significado) e do significante. Do ponto de vista do significado, o jogo permite ao sujeito reviver experiências vividas e tende mais à satisfação do eu do que à submissão ao real. Do ponto de vista do significante, o simbolismo oferece à criança a linguagem pessoal viça e dinâmica, indispensável para exprimir sua subjetividade intraduzível somente na linguagem coletiva.

 

Para Vygotsky (1991, p.24): “a experiência prática mostra que o ensino de conceitos é impossível. Um professor que tentar fazer isto ocorrerá num verbalismo vazio, uma repetição de palavras pela criança, semelhante a um papagaio, que simula um conhecimento de conceitos correspondentes, mas que na realidade oculta um vácuo”. Em sua teoria  o sujeito é interativo porque constitui conhecimento e se constitui a partir das relações intra e interpessoais. Portanto, o conhecimento é proveniente das relações interpessoais mediadas por um sistema de signos, construídos historicamente.

Para Dewey, o contato com os demais é mais um fator de amadurecimento individual para a vida social: “compete ao meio escolar contrabalançar os vários elementos do ambiente social e ter em vista dar a cada indivíduo a oportunidade para fugir as limitações do grupo social em que nasceu, entrando em contato com um ambiente mais amplo”.

 

A escola deveria ser vista como um exemplo da vida em sociedade, um lugar onde todos pudessem crescer no seu convívio, tendo oportunidades de errar, formar convicções, executar sua liderança e intrincadas relações da vida em grupo. Além disso, uma forma de o aluno ter uma vivência afetiva de como são as relações em uma comunidade, aprendendo desde cedo a ver cada situação pelo ponto de vista da coletividade, elaborando opiniões e desenvolvendo responsabilidade por elas. Segundo Dewey (1936, p.28-29):

 

A conservação da sociedade democrática depende, particularmente, do costume de organizar-se um curso de estudos de critério largamente humano. A democracia não pode florescer quando os principais critérios para a escolha das matérias educativas são fins utilitários estreitamente concebidos para as massas, e, quando se escolhem para a instrução mais elevada dos outros poucos, as tradições de uma classe instruída e especializada.

 

Se Piaget acredita na atitude ativa mediante a interação sujeito & objeto, Vygotsky enfoca a necessidade de uma atitude interativa com outros sujeitos. Para Dewey, é necessário o convívio com a sociedade, com uma comunidade escolar que produza   a sua própria cultura, que o estimule e o ensine a viver em grupo. Para ele, a educação é a própria garantia da manutenção da democracia. Estas bases teóricas peculiares de uma educação ativa e participativa têm total coerência com um ambiente educacional surgido através da aplicação de atividades lúdicas que propiciam:

  •               Autonomia;
  •               Exercício de vida em comunidade;
  •               Manutenção de um clima agradável e de confiança mútua;
  •               Motivação e interesse;

Assim, colaborar com o desenvolvimento pessoal é tanto útil em um aspecto individual como em um comunitário, e os jogos podem colaborar com isto para desenvolver:

  •                Autonomia, autodescoberta e autoconfiança
  •                Formação de senso crítico
  •                Habilidade de expressão
  •                Cooperação
  •                Ética
  •                Motivação
  •                Afetividade

 

2. MAPEANDO O CONTEXTO: CONTANDO A TRAJETÓRIA

 

A concretização dessa proposta de ensino aconteceu na Escola Municipal de Ensino Fundamental Casemiro de Abreu, situada no distrito de Nossa Senhora Aparecida, com crianças de terceira e quarta série do Ensino Fundamental, no  Município de Tunas.

2.1 Contextualizando o município de Tunas

 

Essa comunidade progressista, principalmente pela distância e total isolamento da cidade-mãe, Soledade, em termos de rodovias, iniciou outra luta árdua, que foi a colonização. Era a luta pela emancipação político-administrativa. Por conseguinte, formou-se então a Comissão de Emancipação; fez-se reunião de conscientização; o cadastramento; e em setembro de 1987, o projeto foi entregue a Comissão Geral das Emancipações em Porto Alegre, na Assembléia Legislativa; o projeto foi protocolado; para 20 de setembro foi autorizado o plebiscito, quando o SIM venceu com 96%. Em 08 de dezembro foi sancionada a Lei de Criação (nº 8447), do Município de Tunas, pelo excelentíssimo Governador do Estado, Pedro Simon, e publicado no Diário Oficial. O município de Tunas faz limites ao Leste com o município de Soledade, ao Sul com o município de Lagoão, a Oeste com o município de Arroio do Tigre, e ao Norte com o município de Salto do Jacuí. O município de Tunas tem uma área de 218 Km², com uma altitude mínima, na sede de, 385m.

 

Sua população, segundo o último senso do IBGE, em 2000 era de  4.310 habitantes, ou seja 1.310 habitantes na zona urbana e 3.000 habitantes na zona rural. Tem 02 escolas estaduais com 316 alunos e 16 escolas municipais com 544 alunos. Possui 3.576 eleitores, 09 vereadores; uma agência bancária, um Posto de Saúde e 02 hotéis. Seus pontos de interesse turístico são: Igreja Nossa Senhora da Conceição, Igreja Luterana de São Pedro, Rio dos Caixões, Cascata em Linha Nossa Senhora Aparecida e Moinho Colonial, além das paisagens campeiras. Seus dados econômicos principais são: industrias (tijolos, esquadrias, confecções), agricultura (fumo – 1000 ha, feijão – 600 ha, milho – 2000 ha, soja – 2400 ha, trigo – 350 há), pecuária, bovinos de corte (9100 cabeças), suínos (3000 unid.), ovinos (350 unid.), eqüinos (283 unid.) e leite (400 litros por dia).

 

2.2 Contextualizando a escola, a localidade e caracterizando as turmas envolvidas nas atividades propostas

 

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Casemiro de Abreu, situada no distrito de Nossa Senhora Aparecida, tem como sua Proposta Político- Pedagógica uma educação libertadora, com a formação de sujeitos críticos e responsáveis pela transformação da realidade de uma sociedade, justa, humana e democrática para o exercício da cidadania. Para ajudar um novo homem e uma nova sociedade, optaram por uma educação que desenvolva valores, tornando os alunos cidadãos, decididos e capazes de organizar e transformar a realidade sócio-político-econômica existente. Os, professores com sua capacidade reflexiva, manifestam corajosamente a necessidade de transformar suas práticas pedagógicas da seguinte forma:

 

  •     com a busca de trocas mútuas, contribuindo para a construção do conhecimento e da conscientização;
  •     com a troca de conhecimentos em reuniões pedagógicas;
  •     utilizando­se da prática pedagógica para assegurar os direitos de uma educação para a liberdade de todos;
  •     aprendendo e ensinando juntos, pois somos seres inacabados;
  •     tendo amor pela educação, transmitindo novos conhecimentos;
  •     descobrindo o outro, descobrindo-se e conhecendo as individualidades para entender quem está ensinando;
  •     contribuindo para a formação de pessoas críticas, capazes de enfrentar o mundo, seus desafios e assim transformá-lo;
  •     fazendo um trabalho baseado na práxis pedagógica;
  •     trabalhando com conteúdos que desenvolvam cidadãos críticos, responsáveis, cooperativos, criativos e dialógicos;
  •     com uma avaliação que permita uma visão geral do aluno, subsidiada por registros e observações no decorrer do processo e que todo o juízo sobre o desempenho do aluno possa ser avaliado diariamente;
  •    com uma avaliação em que os resultados qualitativos e quantitativos se complementem, permitindo uma análise global da aprendizagem do aluno.
  •  

A escola atende cerca de 98 alunos distribuídos em dois turnos e está localizada na zona rural. Todos são alunos de classe média e baixa, algumas famílias bem pobres. A maioria desses alunos utiliza transporte escolar, e muitos recebem ajuda de sistemas do governo, como, por exemplo, o Bolsa-Escola. As famílias rurais são a maioria de agricultores, vivem basicamente da agricultura, predominando as culturas de fumo, seguidas de feijão e milho. Alguns têm horta, água encanada, esgoto, mas a maioria encontra-se em condições precárias de saneamento. Outras famílias, mais humildes, não praticam agricultura de subsistência nem cultivam hortas, e muitas delas fazem serviços particulares, ou seja, dependem de uma pessoa aposentada na família.

 

As famílias que plantam fumo adquirem dinheiro com a venda do mesmo, que serve para comprar alimentos, roupas, calçados, remédios. Muitos alunos, principalmente do sexo masculino, abandonam a escola, quando ainda estão na sexta ou sétima série para colaborar e ajudar em casa, com o trabalho na roça. Pouquíssimos conseguem concluir o Ensino Fundamental e uma pequena minoria chega ao Ensino Médio, que funciona no turno da noite na E.E. de Educação Básica Laura Klaudat, na sede do município.

 

Os motivos mais comuns para a desistência da escola dos alunos adolescentes são a falta de condições financeiras e o cansaço físico, por trabalharem pesado na lavoura com suas famílias, durante todo o dia. À noite não conseguem se concentrar ou têm um rendimento escolar muito baixo, além do que, para chegar à escola, precisam viajar de ônibus percorrendo mais de quinze quilômetros e levando mais de uma hora entre uma parada e outra, chegando à escola exaustos.

 

As turmas de terceira e quarta série do Ensino Fundamental, com as quais desenvolveu-se as atividades propostas que serviram de suporte para comprovar as pesquisas sobre como trabalhar com a diversidade de textos, interagiram de forma participativa na infinidade de caminhos que a  leitura  faz  percorrer.  Teve-se  como  objetivos nesta proposta: oportunizar à criança condições favoráveis ao desenvolvimento nos aspectos afetivos, cognitivos, psicomotor e o senso crítico, próprios de sua faixa etária. As turmas foram receptivas e muito alegres, crianças humildes, com condições     financeiras               média-baixa,  todos filhos         de         agricultores,  muitos  perspectivas de progredir em seu meio de trabalho, com alguns indo para a escola não somente para aprender mas também para se alimentar, devido ás dificuldades que passam em casa.

 

Apesar de serem espontâneos, às vezes entravam em conflitos, com hábitos e atitudes agressivas, desinteresse em aula evidenciado pelo tipo de realidade que vivem em casa, pois muitos pais trabalham, se sacrificam, mas outros ingerem bebidas alcoólicas, e estão em contato direto com um ambiente violento, já que na localidade em que residem acontecem muitos fatos violentos, envolvendo brigas, desavenças e inimizades.

 

Em relação à aprendizagem, muitos apresentam dificuldades de leitura, escrita, interpretação e ortografia, alguns com dificuldades de assimilação outros de concentração, embora sejam crianças ativas, inquietas, demonstram ter capacidade de aprendizagem.  Antes de tudo, deve-se levar em conta que precisam ser trabalhadas questões de respeito, solidariedade, convivência em grupo, relações pessoais e diálogo.

 

As dificuldades de aprendizagem apresentadas por alguns alunos, são analisadas com atenção, em momentos que deve-se repensar os métodos e processos de aprendizagem em questão. Conforme Fonseca (1984, p.100) é possível analisar e discutir as D.A (dificuldades de Aprendizaem)  da seguinte maneira:

 

A criança D.A. não pode ser  “classificada” como deficiente. Trata-se de uma criança normal que aprende de uma forma diferente, apresenta uma discrepância entre o potencial actual e o potencial esperado. De facto, a criança D.A distingue-se da criança deficiente e da criança normal. Possui sinais difusos de ordem neurológica, provocados por factores obscuros, ainda hoje pouco claros,mas que podem incluir índices psicofisiológicos, variações genéticas, irregularidades bioquímicas, lesões cerebrais mínimas, alergias, doenças, etc que interferem no desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central (SNC). Se acrescentarmos a estes dados aspectos emocionais, afetivos, pedagógicos e sociais inadequados, é óbvio que o quadro se torna mais complexo.

 

Entre estas crianças encontra-se um menino de quatorze anos, que tem dificuldades de aprendizagem devido a um retardamento mental. Ele acompanha a turma aparentemente, pois não tem nenhum conhecimento de leitura, escrita, números ou interpretação, necessitando assim de um trabalho diferenciado. Os métodos pedagógicos utilizados são direcionados a cada necessidade, os alunos encontram-se em diferentes níveis de aprendizagem, são propostas atividades enriquecedoras de vocabulário, de interpretação e principalmente de leitura, desenvolvendo o senso crítico, o raciocínio e a busca constante de investigação as curiosidades existentes em cada aluno.

 

Para o trabalho foram utilizados diversos materiais de apoio ao desenvolvimento das atividades, ou seja, livros didáticos, livros de histórias infantis, jornais, revistas, CD, vídeo e televisão, jogos e brincadeiras, ludoteca - montada na escola para a realização do trabalho enfim, tudo que foi possível contribuir para a aprendizagem dos alunos, fazendo-os interagir com o ambiente inovador e assim construindo novos conhecimentos e sendo eles sujeitos na transformação social.

 

Partindo da idéia “Leitura e Ludicidade: Uma Proposta Interdisciplinar no Ensino Fundamental”, pretendeu-se trabalhar com atividades lúdicas e de leitura, utilizando jogos, brincadeiras, músicas folclóricas, contos de fadas, lendas, histórias imagéticas, teatro com varas, teatro com máscaras, além de utilizar as diversas tecnologias (aparelhos de som, televisão, computador e outros), para auxiliar no trabalho com a diversidade de textos, visando oportunizar um ambiente  lúdico de interação aluno / aluno, professor / aluno.

 

O desafio proposto tem grandes perspectivas de engrenar nesse contexto, pois é do interesse de todos, e parte dos seguintes princípios: pensar em atividades escolares de modo geral, dando enfoque à integração da leitura e da ludicidade aos diversos conteúdos de maneira interdisciplinar, voltando-se para um processo de motivação na construção dos aspectos de interação da leitura e sua diversidade textual.

 

Tem-se a convicção de que a construção do conhecimento acontecerá se o aluno interagir com a diversidade de textos, aprendendo a ler, compreendendo e interpretando o que está lendo, diferenciando os estilos, discutindo e relacionando os textos à realidade vivida, criando e produzindo textos nos mais variados estilos, tais como: textos práticos (bilhetes, anúncios, cardápio, manual de instruções, convite, bula de remédio, etc), textos informativos (jornalísticos, enciclopédias, dicionários, gramáticas, mapas), textos literários (poemas, contos, crônicas, fábulas, novelas), textos extraverbais (pinturas, esculturas, musical, mímica, arquitetura) além de autobiografias, teatro, dramatizações, histórias em quadrinhos, debate, desenho.

 

Percebe-se que o aluno precisa interagir com o texto, assumindo uma personagem, escrevendo o texto como se fosse sujeito de transformação social. Ao criar uma personagem a partir de ações propostas, o aluno deve expressar seus sentimentos, desenvolvendo a capacidade de análise da realidade, identificando no texto a fala dos personagens e organizando corretamente o diálogo. Assim ele interiorizará perspectivas de observação dando continuidade às histórias e mantendo a coerência às formas variadas de linguagem.


 

3. ANALISANDO AS PRÁTICAS: CAMINHOS EM CONSTRUÇÃO

 

A história nos coloca um grande desafio, que é a busca de humanização do homem numa sociedade mais justa, sem opressores, sem oprimidos, no qual todos possam decidir juntos e usufruir igualmente dos bens materiais e espirituais. Assim, é fundamental na formação da consciência histórica:

 

  •           a visão crítica da realidade vivida;
  •           a compreensão de que cada um é importante para o presente e para o futuro;
  •           a luta pela libertação pessoal e de todos os homens, adquirindo  uma ação consciente e responsável sobre o mundo;
  •           a descoberta de que a história se constrói no dia-a-dia através da ação de todos os homens e não somente de heróis.
  •  

Normalmente a escola prende-se a ensinar a leitura intelectual, num processo de apenas aprender a copiar e decorar, sem que haja um envolvimento emocional e um questionamento por parte do aluno, sobre o que está lendo, por que e o que pode servir para seu aprendizado. Daí provêm muitas dificuldades que serão levadas pelo mesmo para o resto de sua vida, tanto escolar quanto profissional, como dificuldades de concentração, de compreensão, dislexia e muitos outros problemas, que, conseqüentemente, o levarão à  insegurança na escrita, em buscar o conhecimento e o entendimento destes problemas e qual a melhor forma de resolvê-los, que é o que se pretende quando se colocam alternativas de incentivo à leitura.

Martins (1991, p.7)  procura enfatizar em suas idéias essa questão quando diz que “o ato de ler é usualmente relacionado com a escrita e o leitor como decodificador da letra. Bastará, porém, decifrar palavras para acontecer a leitura? Como explicar as expressões de uso corrente, fazer leitura de um gesto, de uma situação de ler o espaço, indicando que o ato de ler vai além da escrita”.

 

A leitura é a mais rica das experiências engrenadas no espírito humano. A descoberta de seu valor é pessoal e intransferível. Os estudos da Psicogênese da Linguagem Escrita, desenvolvidos por Ferreiro e Teberosky (2001), possibilitam desviar o centro do trabalho do professor para o ser que aprende e a sua relação com o objeto de aprendizagem. Ferreiro realizou investigações científicas que deixam transparentes  a idéia de que a criança reconstrói o código lingüístico e reflete sobre a escrita. Ela  desenvolve trabalhos sobre hipóteses de pensamentos que a criança pode apresentar a respeito da linguagem escrita.

 

Ela não propõe uma nova pedagogia ou um novo “método”, mas suas pesquisas deixam claro que o que leva o aprendiz à reconstrução do código lingüístico não é o cumprimento de uma série de tarefas ou o conhecimento das letras e das sílabas, mas uma compreensão do funcionamento do código.

 

A instituição escolar, de maneira geral, tem realizado um trabalho com textos que prepara o educando para ler e escrever narrações, dissertações, descrições e cartas. Ele é treinado para reproduzir textos modelares, com regras fixas pré estabelecidas e numa linguagem escolar distante da realidade. Esse trabalho geralmente leva o aluno a decodificar sem compreender e a escrever sem expressividade.

 

3.1. Falando sobre a diversidade de textos

 

A leitura, muitas vezes, na escola privilegia o conhecimento de letras e sílabas e consiste em uma série de tarefas que reduzem o leitor a um mero codificador de palavras e frases, e o escritor naquele que simplesmente reproduz a escrita tal qual aprendeu sem ao menos ousar ser inovador, ficando restrito ao treino ortográfico e gramatical que culmina num aluno sem habilidades de comunicação e expressão.

 

Assim, quando o aluno depara-se com a grande diversidade de textos, aprende a ler e a ver aspectos antes despercebidos, que o conduzem a constantes descobertas. O papel do educador, nesse momento, é de assumir o compromisso com o livro, tendo o hábito de contar histórias, despertando a curiosidade pelos misteriosos signos da escrita, desafiando, encorajando, solicitando, provocando, para que as crianças criem suas hipóteses, abrindo as portas para o universo da leitura, nas quais irão livremente penetrar guiadas por suas preferências. Na escola com relação aos textos, foram realizadas brincadeiras, jogos, leituras e diversas outras atividades, como:

 

Correio da Amizade

Esta brincadeira aconteceu entre os alunos e em seguida foi feita a apresentação de um cartaz com envelopes. Cada envelope seria a caixa postal de cada aluno, então ao invés de trocar presentes, os alunos trocaram mensagens.

Com esta atividade foi possível desenvolver nas crianças uma relação e uma interação dentro do convívio social e a participação em grupo, estabelecendo assim uma ligação da troca de experiências, troca de mensagens, afetividades, até chegar ao ponto mais importante que é a estruturação e a formulação de bilhetes.

Anúncio:

Nesta atividade os alunos criaram um anúncio partindo de um produto, inventado por eles mesmos. Neste anúncio eles tinham que vender o produto, fazendo uma propaganda bem criativa. Dessa forma, os alunos tiveram um conhecimento de como se faz um anúncio e qual a sua utilidade dentro da sua realidade

 Manual de instruções

Os alunos fizeram o desenho de um objeto qualquer utilizado na lavoura, na escola ou no seu dia-a-dia; em seguida escreveram como deveria ser usado este objeto (utilidade, precauções, modo de utilizar).

Com esta atividade os alunos perceberam a importância de conhecer os manuais de instruções que se encontram nos equipamentos e outros objetos  comprados, de ler para saber como são utilizados os objetos e muitas vezes evitar acidentes, uma leitura que parece simples, mas que pode significar muito para o seu conhecimento.

Bula de remédios:

Os alunos trouxeram de casa diferentes tipos de bulas de remédios. As bulas foram apresentadas para a turma, em seguida foi feita uma análise e uma leitura de algumas bulas para identificar suas partes, composição dos remédios, a maneira de usá-los, as precauções, as reações adversas. Em seguida a turma foi dividida em grupos, e cada grupo fez um cartaz colocando o que sabia até então sobre as bulas e qual o conhecimento que adquiriram após o mesmo. Para finalizar, os pequenos grupos apresentaram seu trabalho para o grande grupo.

Este trabalho teve uma grande ênfase, pois despertou o interesse das crianças, sendo muito importante para as mesmas, pois através de seus relatos colocaram que levariam tais informações adquiridas a seus familiares, já que muitos destes não têm o costume de ler as bulas antes de tomar certos medicamentos.

 Receitas:

Cada aluno trouxe um tipo de receita diferente. Foi feita uma discussão e amostra entre a turma. Após, os alunos decidiram montar um caderno de  receitas com as receitas coletadas. Também houve um diálogo sobre os tipos de alimentos que poderiam ser preparados e quais alimentos seriam mais saudáveis, quais seriam mais baratos, além de serem feitos vários cálculos e problemas com as medidas de capacidade, massa, peso e sistema monetário brasileiro.

As crianças também fizeram uma relação de produtos que a mídia apresenta, relacionando o preço, as ofertas do mercado, posicionando opiniões e levantando as seguinte questões: Quais produtos comprar? Aqueles que são mostrados nos meios de comunicação através da propaganda? Ou aqueles necessários e que estão na promoção? Quais são melhores para nossa saúde? Os produtos industrializados, ou as frutas, verduras, legumes, leite, carne, arroz, feijão, entre outros?

Com esta atividade, percebeu-se o quanto foi importante para os alunos trazer receitas, fazer uma reflexão, mostrar aos colegas e assim valorizar a qualidade de vida.

O objetivo ao oferecer textos variados que enfocam aspectos diversos da vida humana é conduzir o aluno a ler, através dos textos, a própria vida, sob o ponto de vista psicológico (emocional), social e existencial, desenvolvendo nele uma consciência crítica da realidade. Para atingir esses dois objetivos, foram selecionados textos a partir de temas predominantemente existenciais, apresentados numa linguagem gráfica que motiva o aluno a ingressar na leitura. Como enfatizam Guedes e Souza em seus relatos ( apud, Neves   1998, p.135):

 

 

É um direito de cidadania do aluno ter acesso aos meios expressivos construídos historicamente pelos falantes e escritores da língua portuguesa para se tornar capaz de ler e compreender todo e qualquer texto já escrito nessa língua. Ensinar a ler é levar o aluno a reconhecer a necessidade de aprender a ler tudo o que já foi escrito, desde o letreiro de ônibus e os nomes das ruas, dos bancos das casas comerciais, leituras fundamentais para a sua sobrevivência e orientação numa civilização construída a partir da língua escrita; 

 

Textos jornalísticos (Textos Informativos):

 

Os alunos foram divididos em grupos. Todos receberam jornais, para lerem e recortarem textos jornalísticos que achassem importantes. Em seguida, escreveram e expuseram para os demais colegas a importância dos mesmos. Os alunos fizeram uma leitura destes textos e logo após uma discussão sobre os temas apresentados nos mesmos, colocando suas idéias, indagações e questionando cada assunto e sua disposição no jornal.

 

Quando entra na escola, a criança já possui certa habilidade para a linguagem oral cabe. Então ampliar sua capacidade de usar a fala de forma competente, escolhendo as palavras certas para cada tipo de discurso. Com os textos jornalísticos, é possível perceber uma variedade de situações, nas quais, dependendo de como estão dispostas as informações, com qual assunto se relaciona, ou seja, as entrevistas, por exemplo, permitem analisar o encadeamento de idéias, a argumentação, além de alguns cacoetes de linguagem, já os textos para publicidade usam uma linguagem direta.

 Enciclopédias:

Foi feito um estudo sobre a importância de utilizar as enciclopédias relacionando-as com aprendizagem dos conteúdos diários através de pesquisas. Com esta atividade os alunos tiveram um conhecimento maior de como é importante a leitura, mesmo em enciclopédias, sendo ela fonte muito importante na pesquisa.

Esses textos servem para ensinar um pouco de gramática ou alguma lição de moral, têm o objetivo de criar o gosto pela leitura, pela pesquisa. Assim, após escolhido o tema que vai ser pesquisado , o aluno tem que fazer uma leitura consciente  do tema em questão, organizar as idéias, rascunhar o que é de importância e cria um pequeno resumo para o trabalho que pretende apresentar.                                                                                      

 

Na vida real da linguagem, fala-se e escreve-se para produzir bem determinados efeitos sobre os nossos interlocutores, até mesmo quando não se quer produzir efeito nenhum, como é o caso da redação escolar. Na vida real há a produção do discurso. Possenti (apud, NEVES & outros, 1998, p.144) define o que é isso:

 

 [...] dizer que o falante constitui o discurso significa dizer que ele submete-se ao que é determinado (certos elementos sintáticos e semânticos, certos valores sociais) no momento em que fala, considerando a situação em que fala e tendo em vista os efeitos (de sentido) que quer produzir, escolhe, entre os recursos alternativos que o trabalho lingüístico de outros falantes e o seu próprio, até o momento, lhe põe à disposição, aqueles que lhe parecem os mais adequados.

 

 Dicionários

Foi feito um trabalho sobre como utilizar o dicionário, tanto na pesquisa como na busca de palavras desconhecidas nas leituras diversas. Com relação a esta atividade, percebeu-se como é importante para os alunos  saber    como    se   utiliza   o dicionário, pois a construção do conhecimento através da leitura e da produção de textos só se tornará válida quando os próprios alunos souberem fazer suas  correções utilizando este  recurso.

 Mapas:

Foi feita uma exposição de mapas para os alunos, onde eles fizeram uma leitura e análise dos mesmos, em seguida uma   reflexão  e  discussão     deste    tema relatando as conclusões em forma de textos. Dessa forma deu-se ênfase a textos visuais e     escritos, textos informativos, integrados a conteúdos, como sinais de pontuação e fatos históricos do Brasil.                                              

Com   o texto “Lições de Geografia: Os cinco mapas do Brasil” (Ziraldo),  foram  trabalhado, aspectos positivos e negativos da sociedade. Após uma longa reflexão, os alunos confeccionaram cartazes utilizando mapas do Brasil. Através de figuras e palavras mostraram o Brasil de ontem e de hoje, além de produzirem um texto coletivo sobre desigualdade sociais. Também realizaram jogos e brincadeiras com   objetivo de descontração, entrosamento, percepção, noção de espaço, agilidade, coordenação e velocidade. Para realizarem as atividades, os alunos utilizaram  fontes de pesquisa, tais como: enciclopédias, mapas, gramáticas, dicionários, textos jornalísticos, etc. 

A escola tem a responsabilidade de garantir aos alunos o domínio da língua oral e escrita, pois ela é o instrumento que lhes dá acesso a uma vida social plena.  A língua é uma forma de comunicação necessária para o exercício da cidadania, pois amplia as necessidades de partilha de informações e conhecimentos. Neste sentido, Saraiva (2001, p.19) diz que: “A literatura é uma forma de participação, de integração do leitor ao tecido sócio-cultural mas, simultaneamente, provê seu receptor de informações críticas que lhe possibilitam tomar consciência de si e das condições inerentes do contexto.”

Assim, procurou-se trabalhar conteúdos relacionados ao Plano de Estudos à série, integrados á proposta do projeto interdisciplinar, partindo de fábulas, textos literários e extraverbais. Em que foram  envolvidas questões ambientais com a leitura e inter-relação e atividades referentes à música “Planeta Água” (Guilherme Arantes). Seguindo esta proposta, os alunos confeccionaram maquetes onde apresentaram dois tipos de ambiente (ambiente preservado e ambiente destruído), utilizando vários materiais de sucata e materiais   coletados    durante  um  passeio   que realizaram  no  interior  daquela  comunidade.

Esse passeio aconteceu na Linha Cardoso, para observar o leito do riacho Arroio dos Porcos, a natureza em si, as diversas culturas, a preservação, fatores poluentes enfim, tudo que se relacionasse ao meio ambiente. Ao retornarem  à sala de aula, além da maquete, produziram um texto com escolha de título livre, mas dentro do contexto ambiental e respeitando a realidade dos alunos daquela região, já que se trata de crianças da zona rural.

Neste sentido, compreende-se que é muito importante a saída ao campo, a pesquisa e a observação para despertar o interesse dos alunos. A construção do  texto permitiu identificar o que os alunos puderam assimilar e questionar as causas que levam o ambiente onde estão  inseridos a correr um grande risco com o descaso humano e com a destruição da natureza.

            Assim, percebeu-se que a leitura não é feita somente através de textos e livros formais, mas também através de vários instrumento como os mapas, que podem ser uma grande fonte de conhecimentos globalizados, tendo uma percepção bem ampla no sentido da localização.

Muitas vezes as diversas formas de leitura eram passadas de modo que não davam sentido e não faziam relação com a realidade existencial do aluno, não buscavam incentivar a expressão oral e escrita e não eram realizadas plenamente, quando deveriam estabelecer uma ligação entre o aluno e a sua experiência de vida.

Com o passar do tempo muitos educadores começaram a se preocupar em estudar e analisar o processo educativo na fase inicial da vida da criança. Esses estudos levam a perceber que a formação intelectual, cognitiva e sensório-motora, além de suas relações com o outro, com o meio social e escolar, começa a se estruturar desde o momento de sua concepção, reafirmando a necessidade de se trabalhar com a criança desde o zero ano de idade. Isso repercutirá no decorrer de outras fases de sua vida.

Ao repensar o processo de interação entre a leitura e a ludicidade, é preciso buscar meios que venham a contribuir com a construção e o desenvolvimento das habilidades através da expressão oral, da fala, da brincadeira e da liberdade de criação, num processo mediado pelo ensinar a ler e a gostar de ler, abrindo caminhos para o saber, desafiando a imaginação, proporcionando através da diversidade de textos a produção de novos contextos, inventando, criando e imaginando.

Recortar, dramatizar, desenhar, montar painéis e quebra cabeças, modelar, fazer dobraduras, construir maquetes, criar novos textos, dançar, montar álbuns, brincar, são atividades que podem ser desenvolvidas com a finalidade de recompor as seqüências narrativas, estabelecer personagens, dos espaços, do tempo e do tema proposto. MALAMUT (1990, p. 05) diz que: “[...] sem a menor dúvida, em nível de pré-escola, podemos dizer que contar estórias é um riquíssimo recurso didático, oferecendo inúmeras possibilidades de aproveitamento que a professora deverá saber usar[...]”  

A literatura infantil poderá conduzir a criança, de forma muito eficaz, ao mundo da escrita. Em primeiro lugar, porque se aprende, geralmente, conteúdos que são do interesse das crianças. Em segundo, é que, através desses conteúdos, ela poderá despertar a atenção da criança para as características da língua escrita e para as relações existentes entre a forma lingüística e a representação gráfica. Nesse sentido Zilberman (1987,p.24) considera que:                                      

 ao professor, cabe o detonar das múltiplas visões que cada criação literária sugere enfatizando as variadas interpretações pessoais, porque estas decorrem da compreensão que o leitor alcançou do objetivo artístico, em razão de sua percepção singular do universo .

A escola tem a responsabilidade de garantir aos alunos o domínio da língua oral e escrita, pois ela é o instrumento que lhes dá acesso a uma vida social plena. O educador deverá proporcionar múltiplas e variadas alternativas de interação do aluno com os textos literários, levando em consideração que a alfabetização é um processo global, contínuo e gradativo, e que cada criança percorre um caminho próprio na sua evolução.

É preciso estimular os alunos à participação de intercâmbio oral, expondo suas experiências, sentimentos e opiniões, narrando fatos relacionados ao seu dia-a-dia e a histórias conhecidas. Dessa forma, foram  trabalhadas  as seguintes atividades:

Criação de histórias

Os alunos observaram uma figura e descreveram a mesma, como se eles fossem este objeto. Eles teriam que escrever um texto com todas as partes no qual a imaginação ficaria livre. Nesta atividade, os objetivos foram oferecer ao aluno condições para: assumir uma personagem, desenvolver a expressão oral e escrever um texto como se fosse um objeto.

Para conferir a validade desta atividade, foi feita uma troca  de textos. Alguns alunos leram para os colegas o texto que criaram e logo após, fizeram uma autocorreção com um código de correção e com o auxílio do dicionário, permitindo-lhes uma maior confiança sobre o que escreveram.

Os alunos produziram um pequeno texto, a partir da observação de uma figura, iniciando o texto com: Se eu fosse... Esta redação tem o mesmo objetivo básico da redação anterior, isto é, colocar o aluno na posição de uma personagem criada por ele. O aluno teve condições para expressar sentimentos, desenvolver a leitura oral e silenciosa e desenvolver a imaginação. Também foi feita uma autocorreção e intercâmbio de textos, quando alguns alunos leram para os colegas o que inventaram.

Foram distribuídas aos alunos  tiras de jornal com uma história em quadrinhos. Em seguida, os alunos produziram um texto dirigido com as seguintes questões:

  •           O que a personagem faz?
  •           O que a personagem fala?
  •           O que a personagem pensa?
  •           Como é a personagem?

Para contar uma história, o narrador focaliza o personagem,tendo como aspecto principal o que ele faz. Com esta redação, pretendeu-se conduzir o aluno a uma observação detalhada das ações da personagem priorizando o verbo como elemento básico na organização da frase. Foram oferecidas conndições ao aluno condições para expressar o mundo interior da personagem e assim, elaborarem um texto destacando ações, emoções e, sentimentos da mesma.

 Criação do Caderno Vermelho e do Caderno Azul:

O caderno vermelho foi um tipo de diário da turma, onde os alunos transcreveram algumas atividades feitas por eles, e onde também puderam escrever textos, mensagens, recados, fazer auto-avaliações, ilustrando-o com desenhos, recortes ou figuras. No caderno azul, foram transcritas as melhores redações feitas durante a aplicação das atividades.

Essas habilidades são geradas a partir da diversidade de textos que o professor propõe para trabalhar em sala de aula, tais como poemas, músicas, bilhetes, cartas, telas, fatos, notícias de jornal, quadrinhos, narrativas tradicionais e contemporâneas. Assim, Kleiman expressa em suas palavras (1992, p.43):

Uma vez que o leitor conseguir formular hipóteses de leitura independentemente, utilizando tanto seu conhecimento prévio como os elementos formais mais visíveis e alto grau de informatividade, como título, subtítulo, datas, fontes, ilustrações, a leitura passará a ter caráter de verificação de hipóteses, para confirmação ou reputação e revisão, num processo menos estruturado que aquele inicialmente modelado pelo adulto, mas que envolve, tal como o outro processo, uma atividade consciente, autocontrolada pelo leitor, bem como uma série de estratégias necessárias à compreensão.

 Por isso, antes de cada texto, há uma introdução, que pretende estabelecer uma interação primeira entre o texto e o leitor. Além dela, cada professor pode estabelecer seus objetivos de acordo com seu planejamento ou dependendo dos interesses do grupo. Deve-se levar o aluno a fazer uma análise textual, visando a interpretação e a produção de textos, formando assim bons leitores e escritores. Através do diálogo, da investigação, da análise, da compreensão, da criticidade, os textos proporcionam diferentes visões de mundo.

A interação que se estabelece entre o texto escrito e o leitor é diferente daquela estabelecida entre duas pessoas quando conversam, por exemplo. Nessa última estão presentes muitos aspectos, além das palavras, gesticulações, expressão facial, entonação da voz, repetições, perguntas que dão significados à fala. Para comprovar tais idéias, foram utilizadas  as seguintes atividades relacionadas aos mesmos:

 Desenho/texto (Expressão visual e escrita):

Foi dado um rabisco numa folha para os alunos. Cada um, conforme a sua imaginação e individualidade, deveria observar o rabisco e criar um desenho próprio. Após, deveriam fazer um texto sobre o que foi criado. Depois de pronto, cada um mostrou e leu seu trabalho para a turma fazendo uma avaliação oral para o grande grupo.

Texto Cinético

Também foram trabalhados exemplos de textos cinéticos, pedindo-se para os alunos produzirem textos similares. Texto cinético é aquele cujas palavras estão em “movimento” no papel, ocupando um espaço não convencional. O resultado ficou muito interessante, pois todos produziram textos criativos de acordo com a sua imaginação. O texto concretiza as inúmeras regras do código lingüístico. Nele estão presentes as varias possibilidades oferecidas aos falantes para manusear a língua. Por esse motivo, privilegiou-se o texto como instrumento básico e dele foram extraídos os elementos que permitem ao aluno compreender, interpretar e produzir um texto. Como esclarecem Guedes e Souza (1998, p.146):

A contrapartida desta produção escolar de textos dissertativos como exercícios de reprodução de lugares – comuns e de submissão a rígidas formalidades estruturais, em que os alunos abdicam de qualquer autoria, é a produção de textos livres como exercícios de uma criatividade descompromissada com a clareza e com a precisão, em que os artistas abdicam de qualquer leitor.

Jornal:

Montagem de um jornal com todas as suas partes:

A leitura do jornal é o acompanhamento crítico do rádio e da TV, que ajuda os alunos a pensar e a entender o que se passa na sua volta. Para construir esse conhecimento foi feito um jornal na sala de aula, utilizando-se de recortes e reportagens atuais, identificando todas as suas partes, que em um segundo momento foram lidas algumas e feito um debate para conseguir um melhor entendimento. As partes do jornal construídas pelos alunos foram:

  •            1ª página: manchetes, Imagem de mundo, Política, Religião, Nacional/Internacional);
  •            Os cadernos, Variedades; Cidades, Classificados, Economia, Opinião, Turismo, Ensino, Geral, Esportes.

 Montagem do jornal da escola:

Neste jornal os alunos foram repórteres, coletando dados durante a semana. Cada repórter foi responsável por uma seção.

Foi estipulado um determinado dia da semana para fixar o jornal num local estratégico. Neste jornal contaram os seguintes assuntos:

  •             Notícias úteis e pitorescas da escola;
  •             Notícias curiosas da localidade;
  •             Fofocas da turma;
  •             Pensamentos, provérbios, anedotas, advinhas;
  •             Cultura;
  •             Curiosidades;
  •             Coluna social;

Com esta atividade foi elaborado um jornal da escola, levando informações, onde os alunos participaram ativamente das escolhas e decisões, tornando-se assim cidadãos de um país democrático.                                                                              

Na leitura, o leitor está diante de palavras escritas por um autor que não está presente para completar as informações. Por isso, é natural que forneça ao texto informações enquanto lê. Contudo, o texto também atua sobre os esquemas cognitivos do leitor. Quando alguém lê algo, aplica um determinado esquema, alterando-o ou confirmando-o, ou ainda tornando-o mais claro e exato. Assim, duas pessoas lendo o mesmo texto podem entender mensagens diferentes porque seus esquemas cognitivos, ou seja, as capacidades já internalizadas e o conhecimento de mundo de cada uma, são diferentes.

O ato de ler ativa uma série de ações na mente do leitor pelas quais ele extrai informações. Essas informações ou “estratégias de leitura” passam, na sua maioria, despercebidas em nível de consciência. Elas ocorrem simultameamente, podendo ser mantidas, modificadas ou desenvolvidas durante a apropriação do conteúdo. As palavras de Kleiman nos ajudam a entender essa questão (1992, p. 80):

 Embora as estratégias cognitivas da leitura não possam ser modeladas, uma vez que o conhecimento que elas subjaz não está sob o nosso controle e reflexão conscientes, podemos, mediante o ensino, promover condições para que o leitor desenvolva as habilidades em que estão apoiadas. Tais condições consistem, essencialmente, na análise de aspectos locais do texto que envolvam nosso conhecimento lingüístico sobre a estrutura da língua e do ensino do vocabulário.

Quando esta atitude estiver bem enraizada no leitor, espera-se que ele, se deparando com palavras desconhecidas num texto, mas sabendo porque e para que está lendo, consiga decidir qual o grau de conhecimento necessário para compreender este texto.

 A aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente que se enriquece com várias habilidades na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe apenas àsséries posteriores da educação infantil, mas sim, desde que a criança se defronta com a aprendizagem num ambiente escolar. Ela precisa estar em contato com a leitura, suas formas e estilos, permeando tais atividades e estabelecendo uma comunicação com a ludicidade sendo ela parte integrante de sua transformação. Dessa forma, foram propostas atividades como:

 Gincana da leitura

A turma foi dividida em dois grupos e as atividades da gincana tinham um tempo máximo para sua execução. A equipe que completasse primeiro e corretamente, recebia a pontuação. A equipe que fizesse mais pontos seria vencedora. Essas atividades foram:

  1. Ler um texto xerocado e fazer as pontuações necessárias;
  2. Criação de um diálogo entre personagens; Continuar uma história e ilustrá-la;
  3. Escrever um bilhete com todas as suas partes à sua mãe; Criar um anúncio; (8 min)
  4. Criar frases a partir de uma figura;
  5. Procurar no dicionário o significado de expressar e linguagem;
  6. Dar uma opinião crítica da equipe sobre o texto: As Drogas;

Ao término da gincana, as equipes receberam as premiações  e ficaram orgulhosas, pois se sentiram realmente valorizada, sendo a mesma uma forma de demonstrarem suas capacidades adquiridas no decorrer de suas trajetórias escolares e também percebendo o verdadeiro  valor da leitura. A alma da criança, do ser humano, cria e recria situações enfrenta e resolve problemas, ensina, aprende com alegria, transformando o meio em que vive.

Os alunos se expressam através  da leitura e mostram o que eles sentem, sonham, refletem, ordenam, organizam, desorganizam, constroem a realidade, encontrando soluções para os problemas que os rodeiam. Assim Vygotsky  expressa em seus relatos (1991, p.6)

Se ignorarmos as necessidades das crianças, aquilo que efetivamente as incentivam a agir, nunca seremos capazes de entender seus avanços de um estágio evolutivo para outro, porque cada avanço está ligado a uma mudança de motivos, inclinações e incentivos.

Quando a criança chega à escola ela já tem um certo conhecimento da leitura de mundo que traz pelas suas experiências, pois desde cedo começa a observar, a antecipar, a interpretar e a interagir, dando significado aos saberes, aos objetos e às situações que as rodeiam.

Assim, a diversidade de atividades lingüísticas permite levar o aluno a um constante diálogo, rico em trocas, interagindo em atividades de natureza reflexiva, ou seja, fazendo com que o aluno construa aos poucos os paradigmas de uma leitura compreensiva, desafiado a perceber as diferenças nos usos lingüísticos e o levantamento de hipóteses sobre as condições e estruturas que ocorrem nos textos que ele utiliza.

O objetivo do trabalho com a leitura é a formação de leitores competentes. Segundo os PCN/LP (1997, p. 54):

Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que lê e outros já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga justificar e validar a leitura a partir da localização de elementos discursivos.

 Nesse sentido, é importante apresentar ao aluno uma multiplicidade de textos que envolvam diferentes respostas ao “por quê” e “para quê” a prática da leitura se faz tão necessária. Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes textos que estão à sua volta, é preciso então organizar o planejamento pedagógico de maneira que o aluno possa vivenciar as diferentes modalidades de leitura: ler para informar-se, estudar, resolver problemas do cotidiano, para se divertir, estimulando-o a perceber inadequações e “erros” no texto que produziu. Uma prática de leitura na sala de aula deve permitir várias leituras, já que o significado do texto se constrói pela interpretação do leitor a partir do seu conhecimento prévio e do que é apresentado. Silva  (1995, p. 24) aponta que é preciso “(...) mais diálogo, mais liberdade para os alunos se expressarem, mais escuta e partilha de significados atribuídos aos textos, mais ligação entre aquilo que se lê e aquilo que se vive”.

Nas atividades de leitura o aluno é desafiado a interpretar textos que possam provocar diferentes significações e também trabalhar com informações diferenciadas. Com isso, a proposta de se trabalhar com textos verbais e não-verbais, aborda enfoques diferentes de interpretação, contribuindo para a reflexão para as diversas modalidades de leitura, cabendo ao professor ampliar o trabalho de forma a desafiar o aluno para a descoberta de outras fontes do texto.

 Para formar um escritor competente, é preciso ter uma proposta com base no diálogo, na formação de cidadãos, que tenham a liberdade para ler, escrever e interpretar o mundo, para refletir e criticar a realidade. Assim, acredita-se que o aluno venha a ter condições reais de desenvolver seu potencial crítico-reflexivo, adquirindo novas formas de expressão e de interação com seu interlocutor de maneira adequada e criativa.

Estimulando ao máximo a oralidade do aluno, incitando-o a relatar as suas experiências de vida, utilizando o seu saber “extra-escolar” como ponto de partida para levá-lo à aquisição da norma culta, o professor fará com que ele amplie o seu potencial lingüístico, pois o aluno, quando chega à escola, tem sua linguagem própria, um saber intuitivo, um saber lingüístico que é de competência de cada falante.

A escola não pode desvalorizar esse saber lingüístico, reprimindo a diversidade, mas, ao contrário, deve atender a linguagem dos diferentes sujeitos, e dos grupos sociais, e aos poucos apresentar a variedade considerada como padrão, a culta, sabendo abrir-se à pluralidade de discursos. Dessa forma, a escola estará favorecendo a integração de todas as variedades, relativizando os usos e criando situações em sala de aula que realmente possam ampliar e diversificar a experiência de cada um. Escrever é interagir. Ensinar as crianças a escrever é ensina-las a produzir textos em uma situação real de comunicação. O ato de escrever na escola não deve se caracterizar por ser um momento enfadonho, que provoque bloqueio na expressão do aluno. Jolibert afirma que (1994, p.16):

 O ato de escrever deve se concretizar em uma atmosfera que traduza o prazer de escrever, prazer de inventar, de construir um texto, prazer de compreender como ele funciona, prazer de buscar as palavras, prazer de vencer as dificuldades, prazer de encontrar os tipos de escrita e as formulações mais adequadas à situação, prazer de progredir, prazer da tarefa levada até o fim, do texto bem apresentado

Nesta mesma proposta foram trabalhados assuntos que envolveram a identidade de cada aluno, a história do nome (significado), subbstantivos próprios e comuns, dificuldades ortográfica produção de textos, (autobiografia) e história matemática com as quatro       operações, utilizando idades e datas.

Os alunos, a partir da leitura e interpretação das histórias de Quim e Chico, puderam perceber que todas as pessoas têm uma história sobre seu nome, conhecendo a sua própria história e dos colegas, sentindo-se importantes, demonstrando a criatividade e a curiosidade sobre os temas trabalhados. Para Piaget (apud, KAMII, 1991, p.46):

As crianças mais novas não podem aprender verdades e valores, obtendo-os já feitos através de outras. Crianças mais novas tornam-se cooperativas, atenciosas, respeitosas à verdade e assim por diante, como resultado de um longo processo de desenvolvimento.

Assim, para esse autor, o processo de construção do conhecimento está ligado ao processo de assimilação e (re) construção dos saberes. A literatura e a ludicidade na literatura infantil tornam-se elementos fundamentais quando tratam de buscar continuamente uma reformulação de aspectos intencionais e interativos na aquisição das formas cognitivas.

Nesse encontro, foram trabalhados assuntos sobre a família, aos quais foram integradas as dificuldades ortográficas, sistema monetário brasileiro, produção de textos (histórias em quadrinhos).

Após os alunos terem feito a leitura e interpretação do texto, “A Família e a Sociedade”, os mesmos confeccionaram um ‘livro de pano’, criando uma história em quadrinhos, tendo como tema a família, dando ênfase às relações familiares, diálogo, valores, sentimentos, gostos e atitudes.

Com estas atividades os alunos descreveram suas relações familiares e formas de vida de maneira agradável e descontraída. Para desenvolver as formas de linguagem, precisa haver uma preocupação com a prática da leitura, na qual o aluno compreenda a importância do uso das diferentes formas em que ela se apresenta, atribuindo, assim, mecanismos que resolvam suas dúvidas na compreensão para uma busca de informação e consulta nas diversas fontes de pesquisas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN/LP, 1997, p.22) nos dizem que:

A linguagem é uma forma de ação interdirecional orientada por uma finalidade específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da sua história.

 Segunda ainda esta temática sobre a família, foi feita uma história matemática, envolvendo o sistema monetário, cálculos com as quatro operações, agricultura familiar, jogos e brincadeiras no pátio, com objetivos de desenvolver o raciocínio matemático, concentração, imaginação, colaboração, espírito em equipe, coordenação e agilidade.

Seguindo a proposta,  trabalhou-se então com as diferenças culturais, etnias, valores, hereditariedade, a partir  dos  textos extraverbais, literários e poesias.  

Os alunos fizeram a leitura e interpretação da tela de Portinari e do texto ‘A Menina Bonita do Laço de Fita’ de Ana Maria Machado, observaram atentamente as duas formas de texto, comparando-as e fazendo uma análise crítica das obras.

Com esta atividade foram analisadas e questionadas as diferentes raças, cores, etnias, enfim, aspectos que identificam as pessoas pela  sua   forma de ser e viver.

Após a interpretação, na qual foi utilizado o livro didático, os alunos reproduziram através de desenhos, com tinta e pincéis, a menina da tela de Portinari e, em seguida, elaboraram uma poesia tratando das diferenças culturais entre as pessoas. Como lembra Kleiman (1992, p.13):

 Leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico ou textual, o conhecimento de mundo que o leitor consegue construir o sentido do texto.

 A exploração de textos diversificados é uma prática pedagógica que proporciona o desenvolvimento da expressividade, do uso funcional da linguagem, da leitura e da reflexão sobre o mundo. O ato de ler é o processo de “construir significados” a partir do texto. Isto se torna possível pela interação entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto  maior  for  a   concordância  entre  eles, maior a probabilidade de êxito na leitura. 

A partir dos Contos de Fadas com três versões diferentes, trabalhou-se com as histórias: “Os Três Porquinhos”, A Verdadeira história dos Três Porquinhos e os Três Lobinhos e o Porquinho Mau.

            Os alunos  foram  divididos em quatro grupos, sendo que três deles relataram uma visão diferente da história de maneira criativa e interessante, e o    quarto   grupo    juiz   do   debate participava como que foi lançado em relação       cada versão diferente da história, cada um expressa sua opinião sentindo-se valorizado e interagindo num processo de conscientização das diversas formas de relacionamento entre os seres humanos.             

Além do debate, foram trabalhados conteúdos como o uso do dicionário, dificuldades ortográficas D/T e V/F, cálculos, problemas, confecção de um dicionário ilustrado, além de brincadeiras que desenvolveram a imaginação, capacidade de expressão através da mímica e gestos, socialização, cognição, agilidade, habilidade de descontração, coordenação, reflexo e lateralidade.

 A criança é um ser social, e a apropriação do conhecimento se dá desde que ela nasce, isto é, o seu desenvolvimento se dá num espaço e tempo compartilhados com outras pessoas, sendo o brincar sua atividade mais completa. Assim o lúdico contribui para o desenvolvimento infantil e a integração na sociedade como ser participativo, crítico, responsável e criativo. Segundo Freire (1991, p.11-12):      

 A leitura da palavra está implicitamente ligada à leitura do mundo, tornando-se um só ato, envolvendo uma compreensão crítica do ato de ler que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo (...) A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

No desenvolver das atividades, trabalhou-se com o movimento de rotação e translação, além de cálculos e problemas envolvendo horas, minutos, segundos, dia, mês e ano, a partir do conto “O Dono da Luz”. Partindo de textos curiosos e informativos em relação à temática proposta foi confeccionado um  jornal mural com as mais diversas reportagens, na qual os alunos direcionaram as informações, segundo as partes dispostas de um jornal, expressando oralmente as reportagens coletadas e dando sua opinião pessoal sobre cada uma delas.

Com estas atividades, os alunos ficaram informados sobre assuntos de seus interesses, sentindo a necessidade de informação e valorizando a importância da leitura como a principal fonte de informação, tornando seus leitores cidadãos críticos e conscientes.

As dificuldades enfrentadas em conquistar e manter o leitor decorrem, fundamentalmente, do equívoco quanto à concepção de texto literário, que se conjuga à finalidade, também falaciosa atribuída ao ato de ler. A leitura do texto continua a ser reduzida à apreensão do código, isto é, ao estabelecimento de uma relação binária entre significante e significado. Entretanto, Freire (1991, p.1-2) afirma que:

A compreensão crítica do ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. (...) A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre texto e o contexto.

Já nesse encontro trabalhou-se com dramatizações envolvendo conteúdos sobre dificuldades ortográficas, expressão oral e escrita, através do texto “A Menina e o Pássaro Encantado” de Rubens Alves.                          

Os alunos, em pequenos grupos, fizeram uma dramatização de contos com livrinhos de histórias infantis. Com esta atividade demonstraram capacidade e concentração, atenção e síntese, pois todos conseguiram passar a mensagem                  expressa pelo autor, dando sua opinião e interagindo criticamente. Além disso, foram trabalhados jogos e brincadeiras desenvolvendo ,  objetivos de agilidade, destreza     coordenação   viso-motora,  noção  de  espaço-temporal, integração, ritmo e observação.

Ao trabalhar a leitura e o lúdico em sala de aula, reconhece-se a importância do brincar, levando em consideração a abordagem cultural, encarando tais atividades como expressão de cultura, reconhecendo que contribuem de forma efetiva no processo de aprendizagem, pois auxiliam na formação da personalidade, a partir do momento com o outro e a descoberta que para atingirem seus objetivos precisam do outro.

É importante centrar a atenção na linguagem corporal. Como diz Freire (1989), deve-se matricular o corpo das crianças na escola. Normalmente, na escola, a ênfase é sempre no cognitivo. O ser humano é caracterizado pela ação, quer no lazer, quer no trabalho. A criança inicia suas atividades no mundo, comunicando-se corporalmente com os objetos, com as pessoas. É bem verdade que as crianças têm muitas expectativas em relação ao mundo adulto em geral, e aos adultos em particular. Como assinala Erikson (1987, p.127), esperam: “ser moderada mas firmemente obrigadas a participar na aventura de descobrir que podem aprender a realizar coisas em que, por si mesmas, jamais teriam pensado, o que proporciona um sentido simbólico de participação no mundo real dos adultos”.

 

3.2  Refletindo sobre a importância do lúdico na leitura

 

Ao trabalhar a leitura e o lúdico em sala de aula, reconhece-se a importância dos mesmos, encarando as atividades como expressão da cultura, como contribuição no processo de aprendizagem e no auxilio à formação da personalidade. A partir do momento que se permite aos educandos o encontro com o outro  através da leitura, do jogo, da brincadeira,      proporciona-se uma integração consolidada com grandes  possibilidades de   transformação d prática  educativa  e permite-se a percepção das facilidades e dificuldades motoras, intelectuais e afetivas de nosso educando, como se percebe a interação.

É através do lúdico que ela abandona o seu mundo de necessidade e constrangimento e se desenvolve criando e adaptando uma nova realidade a sua personalidade. A infância é, portanto, um período de aprendizagem necessária à idade adulta. É nesse momento que a brincadeira se torna uma oportunidade de  afirmação do seu eu Conforme  Wallon  (apud, CRAIDY & KAERCHER, 2002, p.28):

O estudo integrado do desenvolvimento infantil contemplando aspectos da afetividade, motricidade, permite o desenvolvimento da inteligência dependendo das experiências oferecidas pelo meio e do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Nesse sentido os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto do desenvolvimento.

 A brincadeira, o jogo e o movimento natural e espontâneo (que ocorre na recreação) são fatores fundamentais em toda e qualquer escola, principalmente no ensino fundamental, uma vez que os mesmos contribuem e muito na educação e na formação geral do educando. Brincando a criança se torna espontânea, desperta  sua criatividade e interage com o mundo exterior e interior.

 O jogo e a brincadeira permitem ao educando criar, imaginar, fazer de conta, experimentar, medir, utilizar, equivocar-se e fundamentalmente aprender. Acredita-se que a brincadeira, o jogo e o lúdico são ingredientes vitais, que misturados à leitura e à compreensão das diferentes formas de leitura, são essenciais para um aprendizado significativo

Dessa forma, Vygotsky atribui um importante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento    da criança, pois, através dela, o educando reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. Segundo ele (apud, QUEIROZ, 2002, p.6-7):

A ludicidade e a aprendizagem não podem ser consideradas ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança comportamentos além dos habituais, nos jogos e brincadeiras a criança age como se fosse maior do que a realidade, isto é, inegavelmente contribui de forma intensa para o seu desenvolvimento.

 A principal característica que baseia a sociedade hoje é a crescente pluralidade de realidades sociais e conseqüentemente seus modelos culturais, suas realidades e suas formas de comunicação. Quando se estimula a capacidade de expressão em manifestações ligadas à música, folclore, personagens, teatro e dramatizações,

proporciona-se uma socialização entre os alunos e uma harmonia de convivência. Para isso, trabalham aspectos como a inibição, relações interpessoais, expressão oral, domínio da leitura, além de trabalhar conteúdos, de forma interdisciplinar, usando a ludicidade de forma criativa.

O ato de ler é o processo de construir significados, a partir do texto. Isso se torna possível pela interação entre os elementos textuais e os conhecimentos do leitor. Quanto maior for a concordância entre eles, maior a possibilidade de êxito na leitura. De acordo com Saraiva (2001, p.27):

 Enquanto fenômeno de comunicação, o texto literário se insere no âmbito da cultura, sendo uma resposta do autor as questões que lhe são contemporâneas e constituindo em uma provocação para o leitor. Por ser expressão artística, o texto literário extrai os processos históricos-políticos e sociais, uma visão de existência humana que transcende o tempo de sua concepção e instiga o leitor sob forma de perguntas que o leva a analisar seu próprio tempo.

 Ao finalizar as atividades propostas a partir da leitura e ludicidade, trabalhou-se com dramatizações e teatros de acordo com os conteúdos envolvidos, em que todos os alunos participaram de forma significativa.

As dramatizações foram:

Dramatização das fábulas e contos de fadas

Foram distribuídas para os grupos fábulas e contos de fadas. Os alunos tiveram um tempo para confeccionar máscaras, varas, palco, fazer a distribuição e caracterização dos personagens e cenário. Após ensaiarem durante algumas aulas, os grupos apresentaram suas dramatizações para o grande grupo.

  •            A cigarra e a formiga;
  •            Os três porquinhos;
  •            João e Maria;
  •             A raposa e o corvo;
  •            A raposa e a cegonha;
  •            O lobo e o cabritinho;
  •            O coelho e as doninhas;              
  •            A gralha Azul;
  •           O patinho feio;                                       

Essa atividade proporcionou aos  alunos a organização, o interesse, o respeito e uma interação entre os grupos. Após as apresentações, foi feita uma análise oral das histórias e uma reflexão, buscando entender a moral de cada uma, o que tornou o trabalho interessante e muito válido.

A leitura deve fazer parte deste cidadão em formação, pois a leitura também é uma construção do sujeito que aprende. Ora, para quem ainda não sabe ler, ouvir história é fazer leituras. “Aprender a ler á aprender a dizer sua palavra. E a palavra humana imita a palavra divina: é criadora.” (Freire, Paulo. 1997, p.14).

 Peça teatral “A Mãe Natureza”

Segundo as propostas metodológicas da escola e o tema gerador sobre o Meio Ambiente, integrado ao projeto de leitura, foi organizada  uma  peça    teatral    sobre  o mesmo, com o nome de Mãe Natureza, da  qual  todos  os  alunos   da    escola participaram.    Foi ensaiada, feito o cenário e apresentada para toda a comunidade escolar (alunos, professores de escolas vizinhas e autoridades municipais).

Todos os alunos envolveram-se desde a confecção do cenário, ensaios, organização e apresentação, tirando assim um ótimo aprendizado de todo o processo de ensino. Após  a apresentação, foi feita uma avaliação oral do teatro, dos pontos positivos, negativos, o que poderia ser melhorado, o que foi válido e como se sentiram sendo sujeitos responsáveis por esta apresentação, os alunos sentiram-se extremamente valorizados ao verem que o trabalho foi reconhecido. Com isso foi possível perceber que atividades continuamente desenvolvidas estimulam a capacidade de expressão em manifestações ligadas à música, à dança, ao canto e ao folclore. Ao considerar a busca de outras atividades como a cultura musical, pode-se citar o exemplo de empenho e resolução de vencer, partindo do nada e reunindo pessoas com espírito empreendedor e com certeza de chegar ao sucesso. O cérebro encaminha para aquilo que se determina. O teatro apresenta inúmeras possibilidades educativas. Entre elas encontram-se: a concretização de fatos históricos e seus antecedentes, a documentação de cenas, a criação e interesse, estimulando dúvida, a informação, o despertar, o educar, o desenvolvimento da imaginação, a linguagem oral, gestual, estimulando a auto-realização e questionamento.

De acordo com Freire (1997, p.68): “A língua também é cultura. Ela é a força mediadora do conhecimento, mas também é, ela mesma, conhecimento. Creio que tudo isso passa também através das classes sociais”

A montagem de  um ambiente lúdico na E.M.E.F. Casemiro de Abreu deu embasamento para a concretização dessa proposta. Foi um ambiente inovador e rico em materiais, a maioria confeccionada com sucata que serviu para enriquecer as aulas e trabalhar vários conteúdos no sentido de mostrar através de experiências           concretas        os        assuntos trabalhados em todas as disciplinas.                                                                                  

Entre estes materiais estão:

  •  Livros de histórias infantis;
  •  Jornais e revistas;
  •  Jogos envolvendo várias disciplinas (quebra-cabeça, memória auditiva, bingo de letras, memória visual com vogais, alfabeto silábico, baralho das profissões, palavras cruzadas, dominós, alinhavo de formas geométricas, memória tátil, dados, total, seqüência, bingos de matemática, associação de idéias, jogo do sete, jogo do mico, encaixe, dominó de cores, memória visual com dezenas, dama e tria, memória visual de animais vertebrados, invertebrados e terrestres, memória associativa, toca do ratinho, conjunto de trânsito, roleta, jogo lógico, copo d’ água, etc );
  •  Brinquedos (blocos lógicos, figuras fracionárias, encaixe, peteca, Cinco Marias, bolas de meia, boliche, bilboquê, latas para caminhar, espiral, vareta, pompom, figuras geométricas, túnel, arcos, bolas, cordas etc);
  •  Palquinho, fantoches de dedo, teatro com varas, máscaras, roupas para caracterização de personagens, cenários para apresentações artísticas;
  •  CDs de músicas infantis, CD-ROM de histórias infantis e jogos
  •  Cantinho da leitura com tapete e amolfadas;

 

Além desses materiais a ludoteca foi toda decorada com desenhos, painéis e organizada de uma maneira que as crianças pudessem utilizá-los de maneira criativa, possibilitando uma interação entre o que aprendiam em sala de aula e o que  reforçavam neste ambiente.

Para finalizar as atividades, foi organizada com os alunos uma peça teatral sobre “O Dia Mundial do Meio Ambiente”, que foi apresentada para as outras turmas da escola, enfatizando a conscientização sobre a preservação do meio ambiente e questões sobre o lixo e as diferentes formas de vida.

Enfocou-se nesta atividade a construção lingüística, construção de roteiros, enredo, diálogo, ação de reconhecimento de espaços ambientais, mundo físico, histórico e cultural. Assim é possível dizer que a escola precisa tornar-se um espaço de experiências sócio-culturais significativas para o aluno.

De acordo com Freire (1987, p.68): “o educador já não apenas educa, mas que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que também educa: ambos, assim tornam-se sujeitos do processo em que crescem juntos”.

A produção artística propicia um tipo de comunicação em que inúmeras significações se condensam na combinação de determinados elementos e conceitos, através de um conjunto de conteúdos articulados no processo de ensino e aprendizagem explicitado por intermédio de três ações: produzir, apreciar e contextualizar.

A exploração de textos diversificados é uma prática pedagógica que proporciona o desenvolvimento da expressividade e do uso funcional da linguagem, da leitura e da reflexão sobre o mundo. Através da leitura e da ludicidade se estabelece uma relação entre a oralidade, o gesto e o movimento, fazendo um contato direto sobre o que foi observado, lido, compreendido e interpretado. É nesse momento que todo o trabalho proposto tem grande êxito, pois é quando toda sua realidade está explicitada de forma interdisciplinar.

A interação entre leitura, comunicação e ludicidade faz compreender a cidadania como participação social na formação da criança, adotando no seu dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, além de posicionar-se de maneira crítica e responsável. Com isso, o desafio proposto nesta intencionalidade pedagógica está vinculado em um contexto histórico e     cultural,  no  qual  o  aluno  se  depara  com   a diversidade de textos e brincadeiras e faz uma viagem ao mundo imaginário da leitura, aprendendo a ler e ver aspectos antes despercebidos, que aos poucos se torna uma diversão e conduzem este aluno a constantes descobertas. Relacionar a leitura e a ludicidade à realidade vivida da criança faz  com que ela posicione sua opinião, dialogue e crie situações nas quais passa a ser sujeito da transformação social.         

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Este projeto foi vivenciado na E.M.E.F. Casemiro de Abreu com alunos de terceira e quarta série do Ensino Fundamental. Estes demonstraram entusiasmo, curiosidade e vontade de desenvolver saberes, para compreenderem de forma mais objetiva a realidade na qual estão inseridos. Constatou-se que a criança se desenvolve com responsabilidade através de interações com adultos, colegas e com o meio onde vive. As relações com o outro é que oportunizam a aprendizagem, o conhecimento de forma gradativa, vai formando conceitos sociais, psíquicos, motores e afetivos. Verificou-se durante a experiência que a criança, ao imitar, brincar e jogar,  amplia o diálogo com o outro, criando vínculo de cumplicidade entre ambos.

Percebeu-se que o lúdico é a principal fonte de alegria e do despertar pelo gosto em aprender e em buscar o conhecimento por parte do educando. É importante discutir, planejar, avançar juntos na própria elaboração das aulas, havendo em conjunto uma visão e uma preocupação em torno dos problemas e dos avanços que se deva dar. Daí, então entram o lúdico e os contos, tão importantes, pois levam ao encontro do que se necessita para desempenhar um trabalho prazeroso e satisfatório.

No que se refere aos objetivos propostos, foram desenvolvidas atividades diversificadas,  buscando a interação entre o lúdico, a literatura infantil e  os diversos tipos de textos,  fazendo assim com que as crianças, além de sentirem  prazer ao ouvirem histórias, fossem capazes de perceber, detalhar, sentir, elaborar conceitos, resolver e criar conflitos.

As atividades propostas foram bem aceitas pelos educandos, pois a interação, a cooperação, a expressão e reflexão possibilitou o desenvolvimento de indivíduos críticos, criativos e conseqüentemente mais conscientes e produtivos. Ressalta-se que o professor continua com sua grande importância para conduzir e  mediar o processo ensino-aprendizagem como agente provocador, criativo, animador, devendo estar sempre alerta às necessidades das crianças, numa busca constante de materiais, sugestões de outros colegas, sugerindo atividades numa troca entre educadores e educandos.

Ao tornar atrativo o processo de ensino-aprendizagem, com brincadeiras, jogos, leituras variadas despertam-se no aluno os elementos de que necessita para  aprender de forma intensa, rica, significativa e consciente, pois a literatura é um processo de interação e (re) construção contínua e abrangente que exige atenção por ser delicada e para que esta venha cumprir objetivos, tais como: a construção, a socialização, a criatividade, a autonomia, a criticidade, e sem dúvida,  a participação ativa do educando na sociedade. Não existe um único modo de ensinar e desenvolver a literatura.  Segundo tal pressuposto, percebe-se a  grande dimensão e interação entre os aspectos literários e a ludicidade acreditando no educando como um sujeito interativo e cidadão e o espaço em sala num ambiente inovador, valorizando a cultura através de ações interdisciplinares e atividades desafiadoras contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento da práxis pedagógica.

Nesse sentido foi possível criar condições teórico-práticas, construindo conhecimentos e valorizando ações de interação do educando com o outro e com o meio. Confirma-se nesta proposta pedagógica um novo olhar em relação à importância das leituras variadas, em especial a literatura infantil, pelo seu grande poder de desenvolver a imaginação e da ludicidade dentro de uma perspectiva interdisciplinar, o que reforça o compromisso e o papel  do professor como mediador do conhecimento.

 

 

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