LEITURA E LUDICIDADE: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO ENSINO FUNDAMENTAL
Cristiane Fiuza1
RESUMO
A leitura e a ludicidade dentro de uma proposta interdisciplinar é um dos temas do processo de ensino-aprendizagem que gera uma certa discussão e reflexão sobre os métodos e processos de compreensão da construção da leitura e da escrita, o objetivo principal a (re) construção de diferentes formas de leitura no Ensino Fundamental, a partir de proposições de atividades interdisciplinares que favoreceram o desenvolvimento dos diferentes saberes e valorizaram as diversas formas de cultura popular.
PALAVRAS-CHAVE: Leitura – Ludicidade – Interdisciplinaridade
Ao repensar o processo de interação entre a Leitura e a ludicidade enfatiza-se que o desenvolvimento deste projeto teve um novo olhar em relação à importância da leitura e da construção do saber partindo da diversidade de textos que permearam a concretização de um aprendizado interativo e socializador.
Nesta perspectiva trabalha-se de uma maneira lúdica buscando a compreensão e a construção de conhecimentos com atividades que interagem entre o real e o imaginário. Os contos de fadas, as fábulas, as histórias em quadrinhos, os textos informativos, enfim, as histórias infantis passadas de uma maneira simples, porém engrenadas num ambiente agradável e tematizado, surgiram como um ponto de referência para o despertar da curiosidade e estruturação do pensamento, trabalhando-se valores, hábitos e atitudes, desafiando o aluno a interagir e a transformar o contexto apresentado e ao mesmo tempo fazendo relações com a realidade existencial de cada ser.
Quando se estimula a capacidade de expressão, através da música, do folclore, dos personagens que aparecem nas histórias, proporciona-se uma socialização entre os alunos, trabalhando-se a inibição, as relações interpessoais, a expressão oral, além de integrar estes aspectos a outros conteúdos propostos.
É preciso estimular os alunos a participar de situações de intercambio oral, expondo suas experiências, sentimentos e opiniões narrando fatos relacionados ao seu dia-a-dia e as histórias conhecidas.
Essas habilidades são geradas a partir da diversidade de textos que o professor propõe para trabalhar em sala de aula, tais como poemas, músicas, bilhetes, cartas, telas, fatos, notícias de jornal, quadrinhos, narrativas tradicionais e contemporâneas. Assim Kleimam (1992, p.43) expressa em suas palavras:
Uma vez que o leitor conseguir formular hipóteses de leitura independentemente, utilizando tanto seu conhecimento prévio como os elementos formais mais visíveis e de alto grau de informatividade, como título, subtítulo, datas, fontes, ilustrações, a leitura passará a ter esse caráter de verificação de hipóteses, para confirmação ou reputação e revisão, num processo menos estruturado que aquele inicialmente modelado pelo adulto, mas que envolve, tal como o outro processo, uma atividade consciente, autocontrolada pelo leitor, bem como uma série de estratégias necessárias à compreensão.
Por isso, antes de cada texto a uma introdução, que pretende estabelecer uma interação primeira entre o texto e o leitor. Além dela, cada professor pode estabelecer seus próprios objetivos de acordo com seu planejamento ou dependendo dos interesses do grupo. Deve-se levar o aluno a fazer uma análise textual, visando a interpretação e a produção de textos, formando assim bons leitores e escritores. Através do diálogo, da investigação os textos proporcionam diferentes visões de mundo.
Além disso, não se pode esquecer que a aprendizagem se realiza através do confronto entre o que se sabe (conhecimento prévio) e a nova experiência que se vive (elemento novo).
A interação que se estabelece entre o texto escrito e o leitor é diferente daquela estabelecida entre duas pessoas quando conversam, por exemplo. Nessa última estão presentes muitos aspectos, além das palavras, gesticulações, expressão facial, entonação da voz, repetições, perguntas que dão significados à fala.
Na leitura, o leitor está diante de palavras escritas por um autor que não está presente para completar as informações. Por isso, é natural que forneça ao texto informações enquanto lê. Contudo, o texto também atua sobre os esquemas cognitivos do leitor. Quando alguém lê algo, aplica um determinado esquema, alterando-o ou confirmando-o, ou ainda tornando-o mais claro e exato. Assim, duas pessoas lendo o mesmo texto podem entender mensagens diferentes porque seus esquemas cognitivos, ou seja, as capacidades já internalizadas e o conhecimento de mundo de cada uma, são diferentes.
O ato de ler ativa uma série de ações na mente do leitor pelas quais ele extrai informações. Essas informações ou “estratégia de leitura” passam, na sua maioria, despercebidas em nível de consciência. Elas ocorrem simultaneamente, podendo ser mantidas, modificadas ou desenvolvidas durante a apropriação do conteúdo. As palavras de Kleiman nos ajudam a entender essa questão (1992, p.80):
Embora as estratégias cognitivas da leitura não possam ser modeladas, uma vez que o conhecimento que elas subjaz não está sob o nosso controle e reflexão conscientes, podemos, mediante o ensino, promover condições para que o leitor desenvolva as habilidades em, que estão apoiadas. Tais condições consistem, essencialmente, na análise de aspectos locais do texto que envolvam nosso conhecimento lingüístico sobre a estrutura da língua e no ensino do vocabulário.
Quando esta atitude estiver bem enraizada no leitor, espera-se que ele, se deparando com palavras desconhecidas num texto, mas sabendo porque e para que está lendo, consiga decidir qual o grau de conhecimento necessário para compreender este texto.
A aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente que se enriquece com várias habilidades na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso a aprendizagem da leitura não se restringe apenas nas séries posteriores da educação infantil, mas sim, desde que a criança se defronta com a aprendizagem num ambiente escolar, ela precisa estar em contato com a leitura, suas formas e estilos, permeando tais atividades e estabelecendo uma comunicação com a ludicidade sendo ela parte integrante de sua transformação.
A leitura é um processo de interação e (re) construção contínua e abrangente que exige atenção por ser delicada e para que estas venham a cumprirem objetivos, tais como: a construção, a socialização, a criatividade, a autonomia, a criticidade e sem dúvidas a participação ativa do educando na sociedade.
Conclusão
Não existe um único modo de ensinar e desenvolver a leitura, segundo tais pressupostos, nos demos conta da grande dimensão e interação entre os aspectos literários na diversidade de textos e na ludicidade, acreditando no educando como um sujeito interativo e cidadão e o espaço em sala num ambiente inovador, valorizando a cultura através de ações interdisciplinares e atividades desafiadoras contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento da práxis pedagógica.
Referências bibliográficas
KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. Campinas: Pontes, 1992.
________________. Oficia da leitura. Campinas: Pontes, 1992.
SARAIVA, Jusasara Assmann. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: ArtMed, 2001.
VIGOTSKY, Leontiev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 4ª ed. São Paulo: M. fontes. 1991.
___________________. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Rio de Janeiro: Abril. 1988.
¹Pedagoga, Habiltação Plena na Educação Infantil e nas Séries Inciais do Ensino Fundamental, Especialista em Gestão Escolar: Orientação, Supervisão e Administração Escolar. Professora da Rede Municipal de Ensino do Município de Tunas RS.
Como citar este artigo:Fin, Cristiane Fiuza. Leitura e ludicidade: uma proposta interdisciplinar no ensino fundamental. Revista P@rtes (São Paulo). V.00. P.eletrônica. Outubro de 2009. ISSN 1678-8419. Disponível em <www.partes.com.br/educacao/linguagemeintefaces.asp>.